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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

CAIM E ABEL: ATITUDES DIFERENTES l

Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Gênesis 4:3-5.
Temos nas pessoas de Caim e Abel, os primeiros exemplos dum homem do mundo religioso e dum genuíno homem de fé. Nascidos, como na realidade foram, fora do Paraíso, e sendo os filhos de Adão, depois da Queda, nada podiam ter de natural que os distinguisse um do outro. Eram ambos pecadores, tinham ambos uma natureza perversa. Nenhum deles era inocente. É bom estarmos certos disto, a fim de que a realidade da graça divina e a integridade da fé possam ser distintamente vistas. Caim e Abel eram filhos, não do Adão inocente, mas, sim, do Adão culpado. Entraram no mundo como participantes da natureza de seu pai; caída, arruinada e irremediável. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. João 3:6.
Se houvesse alguma coisa na natureza com que ela pudesse recuperar a sua inocência e estabelecer-se novamente dentro dos limites do Éden, este foi o momento para a sua manifestação. Porém nada disto se deu. Estavam ambos perdidos. Eram “carne”. Adão não podia legar nem transmitir a sua fé a Caim ou Abel. A sua possessão da fé era simplesmente fruto do amor divino. Havia sido implantada na sua alma por poder divino; e ele não possuía poder divino para a comunicar a outrem. Tudo era natural, Adão podia, segundo os meios da natureza, comunicar; mas nada mais. E visto que Adão, como pai, se achava em estado de ruína, os seus filhos apenas podiam achar-se no mesmo estado. Tal qual é o gerador, tal é aquele que dele é gerado. Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem. Gênesis 5:3a. Se analisarmos as Escrituras Sagradas atentamente, observaremos que ela contempla toda a raça humana como sendo compreendida debaixo de duas cabeças. No primeiro homem, temos pecado, desobediência e morte. No Segundo Homem, temos justiça, obediência e vida. Assim como trazemos a natureza do primeiro, do mesmo modo temos a do segundo. Assim como a maneira de recebermos a natureza do primeiro homem é por meio do nascimento, assim também o modo de recebermos a natureza do Segundo Homem é por meio do “novo nascimento”. Tendo nascido, participante da natureza do primeiro; sendo “nascido de novo”, participamos da natureza do último. 1 Coríntios 15:49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial. Ganhamos a vida de Cristo quando morremos e ressuscitamos com Ele. Gálatas 2:20a. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim. É quando Cristo vive em mim que tenho participação em Sua natureza. 2 Pedro 1:4b. Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina.
A história de Caim e Abel nos mostra que eles tiveram atitudes diferentes. A história de Abel apresenta a uma tal pessoa o único fundamento verdadeiro da sua aproximação e relação com Deus. Vemos distintamente, que não pode chegar a Deus sobre a base de coisa alguma que pertença ou seja da natureza; e tem de procurar fora de si mesmo, e na pessoa e obra de outrem, a base verdadeira e eterna da sua ligação com o Deus santo, Verdadeiro e Justo. O capitulo onze de Hebreus apresenta-nos o assunto do modo mais distinto e compreensível. Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala. Hebreus 11:4.
Aqui é nos dito que não foi de modo nenhum uma questão quanto a homens, mas quanto aos seus sacrifícios, não foi uma questão quanto ao ofertante, mas acerca da sua oferta. Aqui está a grande diferença entre Caim e Abel. E nós não podemos ficar indiferentes quanto à compreensão deste fato, pois que nele está envolvida a verdade quanto à posição de qualquer pecador diante de Deus. Queridos, a diferença é bastante clara: Caim ofereceu ao Senhor o fruto da terra amaldiçoada, e isso também sem sangue para remover a maldição, ou seja, ele apresentou um sacrifício incruento simplesmente porque não tinha fé. A pena do pecado é a morte. Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão. Hebreus 9:22.
Caim era pecador e, como tal, a morte estava entre si e o Senhor. Porém, na sua oferta não havia reconhecimento algum deste fato. Não havia a apresentação de uma vida sacrificada para cumprir as reivindicações da santidade divina ou corresponder à sua verdadeira condição como pecador. Caim tratou o Senhor como se Ele fosse inteiramente igual a si, que pudesse aceitar o fruto manchado de pecado da terra amaldiçoada. Tudo isto e muito mais se acha incluído no sacrifício incruento de Caim. Ele mostrou absoluta ignorância com referência às exigências divinas, no tocante ao seu próprio caráter e condição como pecador perdido e culpado ao estado verdadeiro do terreno cujo fruto presumiu oferecer. Sem dúvida, a razão podia dizer: que sacrifício mais aceitável podia um homem oferecer do que aquele que ele tinha produzido pelo labor das suas mãos e o suor do seu rosto? A razão e a mente do homem podem pensar dessa maneira; mas Deus pensa de uma maneira diferente, e a fé pode estar sempre certa de concordar com os pensamentos de Deus. Deus ensina, e a fé crê que deve haver vida sacrificada, de contrário não pode haver aproximação de Deus. Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus. Hebreus 10:19.
Desta forma, quando encaramos o ministério do Senhor Jesus, vemos, imediatamente que, se Ele não tivesse morrido na cruz, todo o Seu trabalho teria sido inteiramente inútil quanto ao estabelecimento do nosso parentesco com Deus. Na verdade “Ele andou fazendo o bem” toda a Sua vida, mas foi a Sua morte que rasgou o véu.
E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas. Mateus 27:50-51.
Nada senão a Sua morte o podia fazer. Se Jesus tivesse continuado, até este momento, “fazendo o bem” o véu teria permanecido inteiro, para impedir a aproximação de adoradores do “lugar santíssimo”. Por isso podemos ver o terreno falso em que Caim se encontrava como ofertante e adorador. Um pecador imperdoado vindo à presença do Senhor, para apresentar um sacrifício incruento, só podia ser tido como culpado do maior grau de presunção. E a maioria das pessoas mesmo neste estado de pecado tem prazer em se chegar a Deus. Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus. Isaías 58:2.
O sacrifício incruento de Caim, à semelhança de todo o sacrifício incruento, não só era inútil como também abominável, na apreciação divina. Não só mostrou completa ignorância da sua condição, como também do caráter divino. Leiamos Atos 17:25a. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse. E, no entanto Caim pensou que podia aproximar-se de Deus desta forma. E todo o erro religioso pensa o mesmo. Caim tem tido muitos milhões de seguidores através dos séculos. O culto de Caim tem abundado em todo o mundo. É o culto de toda alma inconvertida, e é mantido por todo o sistema falso de religião abaixo do céu com total aprovação do inferno. A religião de Caim não podia conviver com o evangelho gracioso de Abel, de um modo descontraído. Quando as necessidades do religioso não são satisfeitas pelos seus méritos, ou quando ele não recebe a atenção devida, ele faz um estrago na vida da igreja. Ele fica inconformado com a situação aparente e lhe sobrevêm a ira. É por isso que todo religioso é uma pessoa nervosa, irada, chata, forreta e doente da cabeça aos pés. Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres, não espremidas, nem ligadas, nem nenhuma delas amolecida com óleo. Gênesis 4:6 e Isaías 1:6. Quando Caim percebeu que ele não fora aceito e nem a sua oferta fora recebida, descaiu-lhe e ficou irado. A fúria faz parte do desapontamento. É comum ficarmos zangados quando vemos perdidos os nossos projetos, e com isso, a cara do religioso fica de continuo, amuada ou azeda. A sensação desse fracasso, diante de tanto esforço, o deixa de fato irritado e indisposto. Alguém disse com muita sabedoria que: “Quando uma pessoa se sente rejeitada, apesar de seu grande valor, não é possível que ela conviva bem com alguém que foi aceito, sem qualquer merecimento”. A religião não suporta a graça incondicional de Deus. É por isso que Caim matou Abel, por quê? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. 1 João 3:12b. Muita gente aberta e sincera tem caído nas arapucas da religião, supondo que se trata de um maravilhoso viveiro evangélico. Cuidado!

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