"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A SUFICIÊNCIA DE CRISTO SUPRINDO A DEFICIÊNCIA HUMANA

Então, ele me disse: A minha graça te basta, (ou é suficiente) porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9
Saulo, o perseguidor da Igreja, o religioso implacável, foi transformado em um filho de Aba e servo de Jesus Cristo. Paulo, o filho-servo convertido, passou pela escola do deserto, sendo preparado pelo Espírito Santo para a obra do apostolado cristão. Tornou-se um baluarte da pregação do evangelho e fez uma viagem particular à estância celestial, se no corpo ou fora deste, ele não tem noção, mas sabe que esteve num ambiente denominado terceiro céu. Foi uma realidade incomum.
Lá, Paulo, o apóstolo gracioso, ouviu coisas indizíveis para qualquer mortal e, ao regressar como alguém fora de série, estava em perigo. Talvez, ele seja a única pessoa que tenha tido este privilégio. Mas, agora, o perigo rondava a sua alma. Ser especial é encontrar-se tendente à presunção. Ninguém pode ser único em matéria de distinção, sem cair no risco da vanglória.
A obra prima do pecado é nos perpetrar no nível dos condecorados, com uma boa opinião de nós mesmos. Por isso, o Pai precisava entrar neste assunto perigoso. Foi aí que Aba enviou um mensageiro de Satanás para desmontar a altanaria deste super astronauta. O Manual do Fabricante já prescrevia: A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda. Provérbios 16:18.
Não há nada no coração do ser humano que mais se contraponha ao Espírito de Deus do que a ostentação da glória pessoal. Desconstruir uma posição privilegiada foi uma tarefa divina aos cuidados de um mensageiro maligno. O projeto era de Deus, mas o desconstrutor foi Satanás.
O Soberano Deus pode usar qualquer uma das suas criaturas, mesmo as mais rebeldes e malignas, para a execução de qualquer um dos seus propósitos em benefício dos seus filhos. O Senhor é tão poderoso que até mesmo os seus inimigos mais ferrenhos, quando são ordenados, o obedecem sem controverter. Neste Universo não há dois soberanos coexistindo ao mesmo tempo. Não existem dois Deuses, um do bem e outro do mal. Elohim, o Deus Triúno, é o único Criador e todos os outros seres criados são apenas criaturas.
O apóstolo Paulo corria grande risco de ensoberbecer-se com a grandeza das revelações. Então, o Senhor lhe designou um espinho na carne para abatê-lo. Era um representante de Satanás, mas quem havia dado a ordem para o mister foi o próprio Senhor. Paulo carecia de esvaziamento.
O orgulho é a principal plataforma do inferno para o lançamento do pecado, enquanto a humildade é o manto que reveste os filhos de Deus. O Diabo não tinha nenhum interesse em desensoberbecer o enfatuado viajante dos páramos celestiais. Na verdade, a sua intenção era mantê-lo elevado e cheio de si mesmo. Quem queria quebrantá-lo era o Pai, por isso a sua estratégia articulada para a desocupação deste inquilino sorrateiro. Cuidado com a invisibilidade do orgulho.
O pecado nos tornou teomaníacos. Somos uma raça aspirante ao trono de Deus. Mesmo os santos sofrem deste mal do altar. Queremos ser vistos como santos. Gostamos de ser reconhecidos como crentes maduros e evoluídos. Temos prazer em contar aos outros das nossas aventuras espirituais exitosas e apelamos para a platéia aprovar o modelo de nossa santidade.
Graças ao Pai por sua intervenção. O filho de Aba precisa ser exaurido de sua presunção humanista. Os sofrimentos aparecem aqui como instrumentos cirúrgicos para o enfraquecimento de nossa humanidade prepotente. Enquanto no esporte os atletas tomam anabolizantes para super fortalecer os músculos, na vida espiritual, o Pai envia espinhos satânicos para nos fazer fracos.
Astheneia é a palavra grega que nos habilita à dependência divina. Ela é a instituição do fracasso.
No reino de Deus, a impotência é o verdadeiro caminho da graça para a superpotência espiritual. Quanto mais eu decrescer em fraqueza, isto é, quanto mais astênico eu estiver em minha alma, mais serei dependente do Todo-Poderoso e, neste caso, ao chegar à total impotência, me tornaria potentíssimo, através da onipotência divina. Paulo sabia do valor desta lição, ao dizer: tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4:13. No reino de Deus, quando estou débil, então sou feito pujante. Quanto mais impotente em mim mesmo, mais encouraçado pelo poder do alto.
A Escola do esvaziamento passa também pelo júbilo na lição da húbris, outra palavra helênica que Paulo usou no seu texto e que significa: insulto, injúria, repreensões, dano ou incômodo. É uma contradição total você ter prazer nos ultrajes, mas esta é a tônica do seu aprendizado. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. 2 Coríntios 12:10.
Suportar a afronta sem execrar o ultrajante é uma das matérias básicas para a desconstrução da nossa altivez. O modelo é Cristo e a competência é a sua Vida incriada, agindo em nós, administrada pelo Espírito Santo, pois ele, (Cristo) quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente. 1 Pedro 2:23.
A graça de Deus é Cristo, e a graça de Deus, em Jesus Cristo, nos é suficiente. Se Cristo é tudo e em todos, ele é a suficiência divina suprindo a deficiência humana. Toda a suficiência onipotente de Deus encontra-se provendo, em Cristo, toda a anagke, ou necessidade humana.
Fazer festa diante da carência é uma atitude imprevista na prole de Adão. Se Paulo sentia prazer diante da indigência ou penúria, no seu dia a dia, temos que admitir que se trate de outra espécie de ser humano. Ainda que o cristão faça parte da humanidade, ele não é mais um humanista arrogante e calculista. O seu egoísmo foi pregado na cruz com Cristo e ele agora vive numa dimensão da abastança da Vida não criada do próprio Cristo ressurreto, no seu interior.
Uma das coisas que me impressiona na vida cristã é a capacidade de suportar as adversidades. Isto só vem confirmar que estamos diante de outra realidade. Saulo, antes de sua conversão, foi um perseguidor implacável dos cristãos. Depois do seu novo nascimento, Paulo foi um perseguido e sentia alegria em suas diogmos ou perseguições. Aqui não se trata de um masoquista que sente prazer no seu sofrimento, mas de alguém que tem prazer pela causa do seu sofrimento.
Os cristãos sempre viram nas perseguições um motivo de júbilo por estarem envolvidos em uma causa que tem um valor eterno. Foi Jesus quem disse: Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Mateus 5:10. Que felicidade mais curiosa!
É estranha, mas real. Quem é mais inocente do que Cristo? Quem foi mais perseguido até agora do que ele, neste mundo? E, se Cristo vive em nós, não há alternativa. Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. 2 Timóteo 3:12. Está claro que não há vida piedosa sem perseguição, mas também não haverá uma vida realmente piedosa sem o contentamento em Cristo. É impossível Cristo ser a nossa Vida e não sermos bem-aventurados.
A última palavra usada pelo velho apóstolo para definir o método de sua educação espiritual avançada foi stenochoria, que deve ser traduzida por angústia. O desenvolvimento espiritual não nos isenta da participação das agonias em nosso íntimo. É na crise dolorosa que a alma se apega à suficiência de Cristo.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Romanos 8:35.
Não existe crescimento na Vida espiritual ou evolução em santidade sem estas cinco lições especiais. O poder de Deus só se aperfeiçoa na fraqueza. Tudo isto, todavia, por amor de Cristo.
John Owen afirmava no século XVII: “não teremos nenhum poder de Deus, a não ser que sejamos convencidos de que não temos nenhum poder em nós mesmos”. Aquele que é totalmente fraco tem toda a chance de depender da onipotência divina. Quem é perfeitamente deficiente traz a garantia de ser suprido pela suficiência de Cristo.
O aprimoramento da fraqueza passa por estas quatro etapas. Quando injuriado não revidar com insultos. Quando estiver passando necessidade não chamar a atenção dos outros, mas confiar somente em quem pode prover suas carências. Quando for perseguido por causa do evangelho nunca se defender, ainda que possa explicar os fatos que estão movendo o acossamento.
Por fim, quando estiver passando pelos vales sombrios da angústia, lembre-se que o Senhor também cruzou estes vales, tornando-se, em tudo, a nossa suficiência. Agora saiba que, em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. 2 Coríntios 4:8-10.
Graça e paz.
Pr. glenio Fonseca Paranaguá

Nenhum comentário: