“... levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”. 2Corintios.10:5-b.
Sabemos que o pecado entrou no mundo por meio da desobediência, como diz as Escrituras: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”. Romanos 6:12. Uma das conseqüências dos nossos pecados, oriundos de nossa natureza pecadora, é a separação entre nós e o nosso Deus: “Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. Isaías.59:2. As outras são as obras da carne descritas em Gálatas. 5:19 em diante. Assim, o homem, por sua natureza adâmica, perversa, escolheu a morte e a separação de Deus.
Sabemos também, por meio do Profeta Jeremias, que somente pelas misericórdias do Senhor é que ainda não fomos consumidos, e tivemos a oportunidade, um dia, de conhecer o Seu amor e por meio da obra salvadora de Cristo nos reconciliar com Ele. “Entretanto disto me recordo, e, portanto tenho esperança: As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, pois as suas misericórdias não têm fim. Novas são a cada manhã; grande é a tua fidelidade.” Lamentações 3:21-23.
Todavia Deus não é tirano, não invade nossas vontades, Ele não quer “mandar” em nossas vidas, Ele quer que guardemos os Seus mandamentos, Ele quer nos conquistar com Seu amor e nos convencer, através do Espírito Santo. Jesus assim nos ensinou: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. João 4:21.
O que mais almejamos em nossas vidas, compreendendo todas as suas áreas, é a verdadeira liberdade em todos os sentidos. Liberdade não é estar fora das prisões, dos presídios. Jean-Jacques Rousseau em um de seus pensamentos diz: “Liberdade é a obediência às leis que a pessoa estabeleceu para si própria”. Contudo, o cristão deve ter em mente, a sua perfeita incapacidade, inclusive, a sua incapacidade de criar as suas próprias leis. Nesse sentido, se contrapõe monsenhor Bruno Forte, que em uma de suas pregações, assim nos ensina: “A causa da vida de Jesus é Deus, seu Reino. E isto nos dá a entender também como é o estilo de vida de Jesus. O estilo de vida de Jesus foi o de sua pobreza e a liberdade radical, a confiança incondicional no Pai, sinal de um amor intenso pela vida e de uma confiança completa, total em Deus”.
Assim aprendendo com Jesus, temos a lição de que verdadeira liberdade é entregar-nos inteira e incondicionalmente à vontade de Deus-Pai.
Muitos cristãos procuram fazer barganhas com Deus. – Vou fazer isso para ter aquilo, preocupando-se muito com o “ter” e pouco com o “ser”. Quando falamos em “confiança incondicional”, queremos dizer que é somente a vontade de Deus que prevalece. Muitas vezes oramos erradamente pedindo mansidão, por exemplo, mas o que na verdade precisamos não é de mansidão imputada, colocada em nós por Deus. O que realmente precisamos é que Cristo manifeste a Sua mansidão em nós, usando como prova a expressão utilizada pelo Apóstolo Paulo, em 2 Corintios.10:1, quando diz: “...rogo-vos pela mansidão e benignidade de Cristo...”
Ligados na videira verdadeira que é Cristo, não há como não produzir uvas, como nos ensina o próprio Jesus: Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não dá fruto ele o corta, e todo ramo que produz fruto ele o poda, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que vos tenho falado. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. O ramo de si mesmo não pode produzir fruto, se não estiver na videira. Tampouco vós podeis produzir fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo, e secará; tais ramos são apanhados, lançados no fogo e se queimam. João 15:1-6.
Ou seja, ou estamos ligados em Cristo, somos tratados por Deus e produzimos o fruto do espírito, crescendo em santidade - Gálatas.5:23, ou, não estamos na videira e produziremos as obras da carne. Gálatas 5:19.
Trazendo este assunto para o contexto familiar, é necessário que nos preocupemos com duas coisas: 1) A salvação da nossa família e 2) A santidade dela. Algo importante, diria até: indispensável, para a salvação e a santidade de nossos cônjuges e filhos, é o nosso testemunho de obediência à Palavra de Deus.
O nosso testemunho está intimamente ligado à obediência de Cristo na medida em que a nossa vida pode ser a única Bíblia que o nosso vizinho ou a nossa família lê. Não basta conhecer e falar das Escrituras, é preciso vivê-la na sua mais pura essência – “... levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”. 2 Corintios.10:5-b.
“A Palavra da Cruz é loucura para os que perecem... mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gregos... Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” – 1 Corintios.1:18, 23 e 25. Pois, para que sejamos libertos de nós mesmos, de nossas maldades, de nossas perversidades, de nosso ego contaminado pelo pecado da desobediência, é preciso que Deus quebre nossos paradigmas e nos liberte por meio da obediência a Cristo.
As Escrituras nos ensinam a não nos conformar com este mundo, mas transformar-nos pela renovação do nosso entendimento. (Rm.12:2). Viver e criar nossas famílias de acordo com os ensinamentos do mundo e aceitar todos os seus valores malignos que nos são empurrados “goela abaixo” todos os dias, por todos os meios de comunicação, é fácil, basta dizer “sim” a tudo e ter o passaporte carimbado rumo a perdição eterna. Difícil é confrontar esses valores mundanos com os valores divinos que encontramos na Bíblia. O amor que devemos ensinar e praticar em nossos lares é o amor incondicional ensinado e praticado por Deus, que não exige nenhuma condição, nenhuma troca.
Temos vários motivos, baseados nas Escrituras, para nos entregar ao amor incondicional de Deus, vejamos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna.”. João.3:16; “...Daí graças ao Senhor, pois ele é bom; o seu amor dura para sempre.” Salmo 106:1; “...pois eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” Êxodo.20:5-6; “Respondeu-lhe o Senhor: Eu farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o nome do Senhor. Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem me compadecer.” Êxodo. 33:19; “A sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.” Lucas 1:50.
Então, logo concluímos que, foi somente pelas misericórdias e pelo amor de Deus que realmente ganhamos o que de mais precioso podemos ter, que é a salvação eterna pela fé. Pois o corpo do pecado foi desfeito na Cruz de Cristo, e crendo que é somente pela obediência à Palavra que não mais estamos debaixo do jugo do pecado, como dizem as Escrituras: “...o nosso velho homem foi com ele (Cristo) crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado” Romanos.6:6 , que podemos nos considerar livres do pecado e da condenação, na mais total dependência do Senhor, e dar esse testemunho tomando posse da promessa escrita que diz: “...Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”. Atos.10:31.
Mas a obediência não produz somente salvação, ela traz consigo também a santidade, que é nada mais nada menos do que a liberdade de escolha entre: pecar e não pecar. A santidade produz o conhecimento na verdade que é Cristo.
Então meus amados: se quisermos ter uma família pautada na maneira e de acordo com o caráter de Deus, e que busca os valores da Bíblia no seu dia a dia, temos que: em primeiro lugar ter comunhão com Deus o suficiente para conhecê-lo, de tal forma, que saibamos qual é a vontade dele para que a nossa vontade seja igual à Sua vontade. E em segundo lugar, pedir em oração para que o Seu amor seja derramado em nossos corações, para que, de forma incondicional, amemos a nossa família sem trocas, sem barganhas e sem nenhuma condição.
E por que a obediência é fundamental para o viver cristão genuíno? Porque o Novo Mandamento deixado por Jesus é este: “...Amai-vos uns aos outros, Como eu vos amei a vós, assim também deveis amar uns aos outros.” João. 13:34.
A obediência liberta à medida que o amor nos distancia cada vez mais do pecado e nos aproxima de Deus.
E a nossa oração é para que Cristo, por sua graça, possa se manifestar em nossas vidas com seu amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio, pois, os que são de Cristo, crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.
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