"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

terça-feira, 7 de outubro de 2008

SINCEROS, MAS ERRADOS

Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a favor deles são para que sejam salvos. Romanos 10:1.
Talvez nada exista de tão comovente, na Bíblia, como o interesse, expresso pelo apóstolo Paulo, por seus compatriotas, os judeus. Ele se lamentava devido à recusa persistente e obstinada em crerem eles no evangelho. Sentia também que, devido à privilegiada posição que ocupavam, o caso dos judeus era mais trágico que o de qualquer outro povo. Deus os escolhera dentre todas as nações, conferindo-lhes prerrogativas especiais. A eles tinham sido confiadas as Escrituras, e tinham sido ensinados por uma maravilhosa sucessão de profetas, a fim de que aguardassem a futura vinda de um grande Messias e Libertador. No entanto, dentre toda a humanidade, foram justamente eles que rejeitaram a Cristo e que continuaram se recusando a dar crédito ao evangelho, que fala de Cristo. Aqueles que esperavam o aparecimento do Messias não O reconheceram, quando Ele veio. Aqueles que se declaravam ansiosos por parecer justos e cheios de sabedoria diante de Deus rejeitaram o único meio pelo qual a humanidade pode ser justificada diante do Senhor. O apóstolo Paulo admitia que os pontos de vista deles eram honestos e sinceros como está escrito em Romanos 10:2. Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento.
O problema dos judeus não era que lhes faltasse sinceridade, mas antes, era que confiavam em sua própria sinceridade; e então, por dependerem dela, deixavam de considerar a luz e o conhecimento maiores que o evangelho poderia lhes dar, quanto ao Messias que desejavam. De igual modo, sua dificuldade não era a falta de fervor, mas a confiança em seu próprio fervor, argumentando que, em vista de serem zelosos, necessariamente estavam com a razão. "Têm zelo por Deus, porém não com entendimento." Na realidade, repeliam o conhecimento que o evangelho lhes oferecia, exatamente por causa do seu ardor pessoal. O conflito, no caso deles, era entre o zelo e o conhecimento, entre a sinceridade e a verdade. Um homem pode ser sincero, mas ele pode estar errado com relação a sua salvação. A salvação do homem independe de sua sinceridade, mas do conhecimento da verdade. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. João 8:32.
De fato, não hesitamos em dizer que se trata de uma perfeita descrição da tendência predominante em grande parte do pensamento religioso, tendência essa que Paulo reputava ao mesmo tempo patética e perigosa. Trata-se da tendência de igualar à sinceridade à verdade, de fazer do zelo e do conhecimento termos equivalentes. A posição não é afirmada exatamente dessa maneira, naturalmente; antes, asseveram que, se um homem é sincero e zeloso, nada mais realmente importa. Não há dúvida que essas qualidades, o zelo e a sinceridade, estão sendo exaltadas em nossos tempos, precisamente como se fazia entre os antigos judeus, e que, modernamente, esses são os testes aplicados a todos os homens e a todas as idéias. O conhecimento está sendo depreciado, quase mesmo desprezado. O modo claro e lógico de pensar e as definições exatas não são valorizados. Portanto meus queridos, nós podemos ser precisos e zelosos, mas se não formos exatos, estamos fora do foco da centralidade de Cristo. Vejamos um exemplo de como Apólo era preciso, mas não era exato. Ele era sincero, mas não verdadeiro. Atos 18:25-26. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áqüila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus.
"O que necessitamos", afirma o homem moderno, "é de sinceridade; não importa quais sejam as idéias de uma pessoa, contanto que ela seja sincera". A ortodoxia sem honestidade, a moralidade sem a nobreza de caráter e a "santidade" superficial, às quais falta a sinceridade, para o homem moderno são os maiores males. Segundo ele sente, o que mais se faz necessário atualmente é a genuinidade, a sinceridade, a paixão pela retidão, sem importar quais pontos de vista alguém tenha, em particular, sobre questões doutrinárias ou teológicas. Naturalmente, há nessa posição muita coisa com que todos precisamos concordar. A sinceridade é um elemento essencial; sem ela, ninguém pode esperar chegar à verdade. A pessoa insincera não pode ser defendida. Porém, dizer que sinceridade e verdade são idênticas é cair em um erro quase tão perigoso como defender a verdade de modo insincero. A sinceridade é algo necessário; é essencial. Mas, quando se assevera, conforme muitos fazem, que nada mais realmente importa, senão a honestidade e o zelo, então o pêndulo já oscilou para o extremo oposto, o qual é tão perigoso como aquele em que viviam as pessoas do século passado, as quais consideramos culpadas de erro. Mateus 22:29. Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.
Portanto, consideremos detalhadamente essa posição moderna, especialmente à luz do que o apóstolo Paulo diz acerca de seus próprios contemporâneos, os quais, por causa de seu zelo e sinceridade, repeliam o evangelho de Jesus Cristo. Certamente que o objetivo, quando alguém inicia uma viagem, não é meramente o de viajar de certa maneira específica. A pessoa não se contenta enquanto não chega a seu destino. Mas o que está sendo esquecido, hoje em dia, é precisamente a idéia de um alvo. Isso é bem típico de grande parte da atitude moderna. A ênfase toda recai sobre a procura e sobre a maneira como alguém faz as suas buscas. A busca tornou-se mais importante do que o ato de encontrar. Assim, pois, a sinceridade e o zelo são exaltados acima de tudo o mais. A viagem se tornou o objeto do desejo. O alvo é reputado como algo sem importância e, de fato, quase que como um motivo de irritação. Hoje a busca é por coisas e muitos a buscam com sinceridade e honestidade, mas estão errados quanto a verdade. Jamais podemos nos esquecer de que o alvo é Cristo. Filipenses 3:13b e 14. Mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
O argumento é que, se buscarmos sinceramente a verdade e a realidade, a própria sinceridade servirá de garantia que, por fim, chegaremos ao nosso alvo. A sinceridade e o zelo são, para os homens, o que a gasolina é para o automóvel o que o vapor é para a máquina a vapor. São apenas expressões de poder e de modo nenhum têm competência para decidir ou determinar quais voltas, ao longo do caminho, são certas ou erradas. No entanto, é exatamente assim que essas virtudes estão sendo usadas em nossos dias. As pessoas dizem: "Você está vendo aquele homem? Ele defende a verdade com todo o empenho. Não deixa pedra que não seja revirada. Faz tudo quanto está ao seu alcance. Note seu zelo e sua sinceridade admiráveis". Ele defende a questão com todo o coração, e, por isso mesmo, fica entendido que deve estar com a razão e de maneira alguma pode ser criticado. Ora, essa atitude é tão enganosa quanto se alguém disser que por estarmos viajando com rapidez por um certo caminho, à toda aceleração, necessariamente estamos percorrendo a estrada certa. Não! A velocidade e o método de viajar não garantem, sob hipótese alguma, que estamos na estrada certa. Não compete à sinceridade e ao zelo determinar se está correto ou não o nosso ponto de vista. Alguém já disse que uma vida correta mantém você fora da cadeia, mas não fora do inferno. A Bíblia afrima que: Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus. Salmos 9:17.
Mas esse ponto é visto ainda com maior clareza, quando percebemos que o zelo e a sinceridade podem estar enganados, sem que por isso deixem de ser zelo e sinceridade. Em outras palavras, precisamos lembrar que uma pessoa pode estar sinceramente errada e genuinamente equivocada. Talvez o exemplo clássico disso seja o do próprio apóstolo Paulo. Ele nos diz repetidas vezes que, nos dias anteriores à sua conversão, quando perseguia a igreja de Deus e massacrava os cristãos, fazendo tudo ao seu alcance para exterminar a causa cristã, ele era perfeitamente sincero. Ele não apenas pensava que estava certo, mas tinha convicção disso; e cria, do mais profundo do seu ser, que estava fazendo o que era agradável aos olhos de Deus. Era sincero e zeloso; era totalmente entregue ao que fazia. Não havia vestígio de hipocrisia ou fingimento em suas ações. Se houve um homem honesto, este foi Saulo, o fariseu, antes da sua conversão. No entanto, a caminho de Damasco, repentinamente veio a entender que estava terrível e tragicamente enganado. Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. Atos 9:5-6.
Percebeu que todo o seu direcionamento estava errado; e imediatamente tomou novo rumo. Depois disso, trabalhou e viajou com igual entusiasmo, mas na direção exatamente oposta. A sinceridade e o zelo permaneceram inalterados, mas em um curso inteiramente diferente. Antes de sua conversão, Paulo estava sinceramente equivocado. Após a sua conversão, tornou-se sinceramente certo. Por conseguinte, o fato de que um homem é sincero não garante que ele esteja com a razão; e fazer da sinceridade o padrão e o teste final é a mesma coisa que lançar aos ventos a lógica e a clara maneira de pensar. Ora, certamente devemos admitir que muitas das maiores crueldades e dos piores excessos registrados, tanto na história antiga como na moderna, devem ser atribuídos à falsa sinceridade e ao zelo que não são governados e controlados pelo verdadeiro conhecimento. Oséias 4:1. Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus.
Mas, ao recebermos o conhecimento e a direção correta, nada se faz tão essencial como a sinceridade. Precisamos considerar, então, a vida perfeita de Jesus. É isso o que temos de fazer. Essa é a retidão que teríamos de alcançar. Pode alguém realizar tal feito? Podem todas as boas intenções, toda a sinceridade e todo o zelo de que alguém é capaz, prover poder suficiente para escalar tão grandes alturas? Esse é o monte que temos de subir o monte da santidade de Deus. Somos informados que, sem a santidade, ninguém jamais verá ao Senhor. Haverá alguém capaz de produzir tal santidade? Haverá poder suficiente, na minúscula máquina de nossa vida, para conduzir-nos a tão vertiginosas alturas? Agora precisamos ser sinceros e admitir que isto é impossivel. Você é capaz de ser sincero consigo mesmo e admitir que é um fracassado e que carece da glória de Deus? Se de fato houver essa convicção em seu coração, o seu destino é a morte com Cristo, para que Cristo seja a tua justiça no dia do juízo. Não dependa da sua sinceridade e da sua justiça própria, dependa do Cordeiro que morreu na cruz, mas também lhe atraiu em seu corpo na mesma cruz lhe fazendo morrer para cumprir toda a justiça de Deus. Creia na verdade e não em sua sinceridade, porque somente a verdade que é Cristo que irá te libertar. João 8:36. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Esqueça de você e creia na verdade absoluta que Deus diz a seu respeito. Você nasceu pecador, mas Cristo te justificou na cruz, fazendo você morrer com Ele. De modo que, meus irmãos, também vós fostes mortos à Lei pelo corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que foi ressuscitado dentre os mortos, a fim de que dessemos fruto a Deus. Romanos 7:4.

Pr. Cláudio Morandi - 05/10/2008

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