"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

terça-feira, 17 de novembro de 2009

RECEIO DE PAULO: ENGANO ASTUTO

Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo. 2 Coríntios 11:3.

O homem é um ser religioso. Desde os tempos mais remotos, ele tem levantado altares. Há povos sem leis, sem governos, sem economia, sem escolas, mas jamais sem religião. O homem tem sede do eterno. Deus mesmo colocou a eternidade no coração do homem. Cada religião busca oferecer ao homem o caminho de volta para Deus. É a tentativa de­sesperada de reconciliação com Deus. A detur­pação do pecado, a sagacidade do diabo e a corrupção do mundo entenebreceram a mente humana, e o homem perdeu-se no cipoal desta busca do sagrado. Religiões esdrúxulas são en­gendradas com vistas a arrastar os homens para os corredores escuros do obscurantismo espiri­tual. O pecado embruteceu o homem, o diabo cegou o seu entendimento e por isso, cada vez mais, as religiões afastam os homens de Deus, em vez de aproximá-los. A religião é um cami­nho que o homem tenta abrir da terra para o céu. Hoje a busca incessante é por algo espetacular, extraordinário, e tudo aquilo que pode ser constatado e todo tipo de novidade. É isso que todo religioso busca. Atos 17:21-22. Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades. Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos.

O pecado rompeu a harmonia e a comu­nhão do homem com Deus, consigo mesmo, com o próximo e com a natureza. O pecado desestruturou o homem e todas as suas relações. O pecado atingiu e afetou o homem como um todo e atingiu cada área da sua vida. Aquele que foi criado à imagem e seme­lhança de Deus tornou-se um ser ambíguo, con­fuso e contraditório. De dentro do coração do homem vasa uma torrente caudalosa de sujida­des. O coração humano tornou-se enganoso e desesperadamente corrupto, um poço de senti­mentos mesquinhos e desejos abomináveis. A corrupção do meio nada mais é do que o transbordamento da maldade que está em ebulição no coração do homem. Onde quer que o ho­mem põe a mão, ele contamina o ambiente. Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém! Jó 14:4.

Em virtude dessa dolorosa realidade, surgiram e ain­da surgem milhares de religiões, criadas pelo engenho humano, por mentes corrompidas, es­píritos manietados e subservientes aos caprichos do diabo, para afastar ainda mais os homens de Deus. Há, portanto, muitos “altares” espúrios, muitos deuses falsos, muitos cultos abominá­veis para Deus. Não poucas vezes, o homem adora a criatura em lugar do criador. Muitos “crentes” em rebelião contra Deus servem deliberadamente aos seus próprios desejos satisfazendo assim a vontade do seu pai. O que é mais chocante é que há também aqueles que, mesmo conhecendo a verdade, adotam um modelo do­entio de espiritualidade e não aquele que vem de Deus. Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Filipenses 3:17.

Testemunhamos hoje o florescimento do humanismo exacerbado. Tudo gira em torno do homem. O homem é o centro e a medida de todas as coisas. A vontade do homem deve ser sempre satisfeita. Até mesmo a religião precisa adequar-se às pesquisas de mercado. A verdade perdeu o seu valor fundamental para esta gera­ção humanista. As pessoas embaladas pelo pragmatismo emergente buscam não a verdade, mas o que funciona: não o que é certo, mas o que dá certo. Assim, os cultos mais freqüentados são aqueles que supervalorizam a experiên­cia, ainda que não aferida pela verdade revelada de Deus. Prevalece o subjetivismo. O que está em voga hoje não é o estudo sério, analítico e profundo das Escrituras, mas uma consulta su­perficial, mística e sentimental da Palavra. É por isso que a cura é superficial. Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Jeremias 8:11.

Assim o estudo da Bíblia passou a ser irrelevante: o que importa é o que o “espírito” revela no momento, através de pessoas “inspira­das”. A luz interior tornou-se mais importante do que a revelação escrita de Deus. As pessoas estão ávidas para ouvir os profetas do subjetivismo e os intérpretes de sonhos, em vez de examinar as Escrituras. Correm atrás do mís­tico, não da verdade. Em virtude desse des­vio, floresce no meio evangélico uma procura cada vez maior por profetas e profetisas que possam interpretar sonhos e visões e trazer direto para o povo os mistérios da vontade de Deus. Mergulhados cada vez mais em um analfabetis­mo bíblico, os incautos fluem aos borbotões para esses redutos, sorvendo sem questionar todo o ensino que brota do enganoso coração huma­no, em vez de beber da água limpa que jorra das Escrituras. Cavam cisternas rotas e abandonam a fonte das águas vivas. Seguem conselhos de homens e deixam os preceitos do Senhor. Obe­decem cegamente a líderes pseudo-espirituais e rejeitam a suficiência das Escrituras. Este povo maligno, que se recusa a ouvir as minhas palavras, que caminha segundo a dureza do seu coração e anda após outros deuses para os servir e adorar, será tal como este cinto, que para nada presta. Jeremias 13:10.

A preocupação do homem moderno é agradar a si mesmo, e não a Deus. Ele quer sentir-se bem. Quer ter experi­ências arrebatadoras. Ele busca experiências que lhe provoquem calafrios na espinha. O homem está ávido por ver sinais e ma­ravilhas, e anda atrás de milagres. Para o ho­mem moderno, a religião precisa apelar não à sua razão, mas às suas emoções. Ele não quer conhecer, quer sentir. O culto não é racional, é sensorial. Sua mente está embotada, sua razão adormecida. Não importa o que as pessoas fa­lem desde que ele experimente uma catarse. Ele não quer julgar os fatos: para ele, tudo o que parece ser sobrenatural é bom. O sentimento prevaleceu sobre a razão. As emoções assentaram-se no tro­no. Elas têm a última palavra. Para muitas pes­soas, a religião está-se transformando em um ópio, um narcótico que anestesia a alma e colo­ca em sono profundo as grandes inquietações da mente. E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. Romanos 13:11.

Para continuar alimentando o homem com fortes emoções e mantê-lo em contínuo estado de êxtase, é preciso criar novidades a cada dia. O culto, então, passa a ser elaborado com vistas a despertar fortes emoções. A música é executada para mexer com os sentimentos. A mensagem é pregada para atender ao gosto da freguesia. Tudo está centrado no propósito de agradar ao homem e, satisfazer seus anseios. E o culto do homem para o homem. E o culto da terra para a terra. É o culto-show, em que o dirigente precisa ter um desempenho eficaz na arte de manipular as emoções. As pessoas buscam os sopros poderosos, as visões celestiais, as revelações forâneas às Escrituras, as experiên­cias arrebatadoras, as emoções fortes, mas con­tinuam cada vez mais vazias. Não adianta vocês consultarem os ídolos ou os médiuns, pois eles só dizem bobagens e mentiras. Os que explicam sonhos são falsos, e as suas palavras de consolo não ajudam nada. Por isso, o povo vive aflito e anda sem direção, como ovelhas que não têm pastor. Zacarias 10:2 (LH).

Essa espiritualidade cênica e teatral traz fogo estranho diante do Senhor. O culto não pode ser apenas um veículo para atender às nos­sas necessidades emocionais. Não pode ser ape­nas uma expressão cultural. O culto deve ser bíblico, balizado pela verdade revelada de Deus. Jesus declarou à mulher samaritana que Deus não está procurando adoração, mas adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Antes de aceitar o nosso culto, Deus precisa aceitar a nossa vida. Jesus falou sobre o fariseu que foi ao templo para orar. Ele não fez uma oração, mas um panegírico de auto-elogio. Trombeteou suas próprias virtudes, ao mesmo tempo que, com palavras ácidas, assacou acusações pesadas con­tra o publicano, o qual, por sua vez, não ousou levantar os olhos, mas clamou com angústia de alma: O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Lucas 18:13.

Não adianta ter um culto carismático se a vida do adorador é imoral. Não adianta expulsar demô­nios, se o exorcista é desonesto em seus negóci­os. Não adianta falar em outras línguas no cul­to e depois entregar-se à maledicência em casa. Não adianta apresentar a oferta no altar, se o coração é um poço de inveja e amargura. Se cremos que morremos e ressuscitamos com Cristo, o nosso culto deve ser verdadeiro. Não podemos ter uma religiosidade centrada na preferência ou no gosto do auditó­rio. O culto precisa ser bíblico. O culto é teocêntrico, e não antropocêntrico. A verdade de Deus não é subjetiva ou indefinível. Os prin­cípios de Deus são supraculturais e eternos. Não podemos chegar com fogo fabricado, ou seja, fogo es­tranho diante de Deus. O fogo estranho é boni­to, é quente, é atraente, é fruto do esforço hu­mano, mas não vem do céu: é fabricado na ter­ra, é uma conspiração contra o verdadeiro fogo, uma abominação para Deus. Nem sempre aquilo que impressiona os homens, im­pressiona a Deus. Aquilo que os homens aplau­dem, muitas vezes, é abominação para Deus. O culto ou é bíblico, ou é anátema. Por isso Deus ama o sacrifício dos lábios que confessam o Seu nome. Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome. Hebreus 13:15. Amém.

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