Vinde
a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o
meu fardo é leve. Mateus 11:28-30.
Ainda que somente os humildes possam
reconhecer sua necessidade espiritual, o convite é lançado a qualquer pecador
que perceba sua condição pecaminosa e a necessidade de progredir no caminho que
conduz de volta a Deus. Parece um contra-censo um convite que não pode ser
aceito por aqueles para quem é feito. O símbolo do jugo, ou canga, deve ter
tocado profundamente os corações dos judeus que ouviam a Jesus e que estavam
acostumados com essa ilustração, especialmente com referência à aceitação dos
deveres morais. As autoridades religiosas usavam dessa ilustração com relação
aos deveres da lei e cerimônias dos judeus, e também com relação à tradição
religiosa, que incluía tantas coisas difíceis de serem cumpridas e observadas.
Pode-se mesmo afirmar que nenhum judeu conseguiu carregar com êxito tão grande
fardo. Jesus, contrariamente a isso, ofereceu uma mensagem de simpatia, baseada
na graça de Deus, que faz do homem mais do que mero instrumento para cumprir os
deveres com datas marcadas. Aqui o convite oferece um descanso autêntico, um
abandono do peso da responsabilidade que aflige a alma. Somente a Pessoa de
Cristo pode mostrar à alma o descanso que ela precisa. Na cruz Cristo nos deu a
liberdade de todo jugo, inclusive de cumprir a Lei. Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes
e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5:1.
Na cruz no corpo de Cristo, sendo nós
co-crucificado juntamente com Ele nos da à certeza que fomos libertos do
pecado, da tristeza, da carga imposta pelas religiões falsas, da fraqueza
mental ou espiritual. Jesus Cristo lança seu convite a almas cansadas, e não
apenas a corpos cansados. Os homens andam, em sua maioria, atrelados a cangas
insensatas, quase sempre relacionadas de alguma maneira ao pecado. Mas Jesus
oferece um jugo de graça e de retidão. É um jugo da fé e a fé ergue todas as
cargas que os homens conhecem. O resultado de estarmos crucificados com Cristo
e ressuscitados com Ele, é a garantia de Sua presença em nós refrigerando nossa
alma cansada. A fim de que, da presença
do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos
foi designado, Jesus. Atos 3:20.
O convite de Jesus é endereçado aos
cansados e oprimidos. É uma convocação que oferece alívio e repouso para nossa
alma. Mas que apresenta uma condição: Tomai o meu jugo. Jugo é canga. A palavra
cônjuge, no casamento, é cada uma das pessoas ligadas pelo mesmo jugo. Conjugar
é unir, é associar. Tomar o jugo de Jesus é identificar-se com Ele na mesma
cruz. A canga que Jesus tomou e que também devo tomar, é a cruz. A cruz que
Jesus tomou não era dele, era minha. Ele não tinha pecado. Logo, Ele não
precisava morrer. Mas Ele tomou a minha cruz como sua, e me convida a tomar a
sua cruz como minha: Dizia a todos: Se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e
siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por
minha causa, esse a salvará. Lucas 9:23-24.
A minha cruz foi a sua cruz, que eu a
tomo pela fé, como experiência de minha morte. Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim. Gálatas 2:20.
Tomar o jugo de Jesus é crer, no valor
espiritual do sacrifício de Jesus. Isto significa que Jesus e o pecador, isto
é, eu e você, estivemos na mesma canga, para ganharmos a mesma morte para o
pecado. Mas por outro lado, existe um jugo muito pesado que as pessoas carregam
que é o jugo da religião, imposta pelos seus líderes que nunca nasceram de
novo. Poderá causar-lhe surpresa o fato de que as Escrituras nem uma só vez
exortem o pecador a “aceitar a Cristo”. O tão conhecido apelo evangelístico do
século XX, com todas as suas variantes, como por exemplo: fazer uma decisão por
Cristo, convidar Jesus para entrar no coração, experimentar Jesus, aceitar
Jesus como Salvador pessoal, tudo isso viola tanto o espírito como a
terminologia do chamado bíblico para os incrédulos. O convite do Evangelho não
é uma suplica aos pecadores, para que estes permitam que o Salvador entre em
suas vidas. É, sim, um apelo e uma ordem a que se arrependam e sigam-No. Exige
não somente uma aceitação passiva de Cristo, mas também uma submissão ativa a
Ele. Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que
está nos céus. Mateus 7:21.
Hoje as igrejas estão repletas de
pessoas cansadas e vazias, esgotadas espiritualmente, por não ter ainda
encontrado o genuíno descanso na Pessoa de Cristo. A palavra cansado significa
trabalhar ao ponto de suar e exaurir-se. À maneira como foi usada por Jesus,
refere-se à futilidade de se tentar agradar a Deus por meio de esforços
humanos, descrevendo uma pessoa cansada de buscar a verdade, alguém que perdeu
a esperança de tentar ganhar a salvação. A palavra “sobrecarregados” traz à
mente a triste imagem de alguém trabalhando duro, carregando um fardo que se
torna mais e mais pesado. Os rabinos ensinavam que o caminho para se encontrar
o descanso estava em obedecer às minúcias da Lei. No entanto, a Lei criava um
jugo pesado demais para se carregar, e o resultado do ensino dos rabinos foi
uma nação inteira de gente completamente esgotada e em necessidade,
desesperados de serem aliviados da carga esmagadora de uma consciência
carregada de pecado e oprimida pela culpa. Agora,
pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que
nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas cremos que fomos salvos pela
graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram. Atos 15:10-11.
O caminho para aprender do Senhor que é
manso e humilde de coração, é estar na mesma canga que Ele. Nós estamos no
mesmo jugo com Cristo e, pelo fato de Ele ser manso e humilde de coração,
quanto mais O contemplamos, mais encontraremos descanso. Ao contrário dos
escribas e fariseus, Ele não deseja oprimir-nos. Ele não quer jogar sobre nós
cargas que não podemos carregar, e nem está tentando mostrar-nos como é difícil
ser justo. Lembremos: Ele é manso, Jesus é compassivo, e por isso nos dá um
fardo leve para carregar. A obediência, sob o seu jugo, é uma alegria. É quando
desobedecemos que o jugo esfola o nosso pescoço. O jugo da submissão a Jesus
não é doloroso, é feliz. Significa estar livre da culpa e do pecado, ou seja,
“descanso para as vossas almas”. Este é um eco de Jeremias 6:16: Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e
vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e
achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos.
Felizes são aqueles que agora creem na
sua morte em Cristo. Não pode haver maior descanso para os oprimidos e
sobressaltados, do que a certeza da fé, de sua morte juntamente com Cristo.
Morrer no Senhor pode ter uma consequência imediata no viver do salvo. Não se
trata de ausência de tribulações, mas um sossego no coração. Tranquilidade de
espírito e serenidade de alma são
condições garantidas na obra da graça. Não há carências de descanso para
aqueles que têm como Pastor o Senhor todo poderoso: Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas
de descanso; Descansa no SENHOR e espera nele. Salmos 23:2 e Salmos 37: 7a. Amém.
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