Depois,
deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador. Gênesis
4:2.
Temos nas pessoas de Caim e Abel, os
primeiros exemplos dum homem do mundo religioso e dum genuíno homem de fé. Abel
tipifica carisma, enquanto Caim representa desempenho. Abel é um símbolo do
Evangelho, que nos foi dado graciosamente por Deus, contudo, Caim é a alegoria
da religião. Tudo o que o homem faz para aprovação do homem em Cristo é
essencialmente Evangelho. Caim fala da obra que o homem executa para ser
aceito. Abel representa o procedimento divino em nos aceitar pela graça
imerecida. Os dois focos ficam mais claros nas ofertas que ambos trouxeram. Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe
Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel,
por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se
o SENHOR de Abel e de sua oferta; ao
passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Gênesis 4:3-5a.
Nascidos, como na realidade foram, fora
do Paraíso, e sendo os filhos de Adão, depois da Queda, nada podiam ter de
natural que os distinguisse um do outro. Eram ambos pecadores, tinham ambos uma
natureza perversa. Nenhum deles era inocente. É bom estarmos certos disto, a
fim de que a realidade da graça divina e a integridade da fé possam ser
distintamente vistas. Caim e Abel eram filhos, não do Adão inocente, mas, sim,
do Adão culpado. Entraram no mundo como participantes da natureza de seu pai;
caída, arruinada e irremediável. O que é
nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. João 3:6.
Estavam ambos perdidos. Eram “carne”.
Adão não podia legar nem transmitir a sua fé a Caim ou Abel. A sua possessão da
fé era simplesmente fruto do amor divino. Havia sido implantada na sua alma por
poder divino; e ele não possuía poder divino para a comunicar a outrem. Tudo
era natural, Adão podia, segundo os meios da natureza, comunicar; mas nada
mais. E visto que Adão como pai, se achava em estado de ruína, os seus filhos
apenas podiam achar-se no mesmo estado. Tal qual é o gerador, tal é aquele que
dele é gerado. Viveu Adão cento e trinta
anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem. Gênesis 5:3a.
Quando analisamos as Escrituras Sagradas
atentamente, observaremos que ela contempla toda a raça humana como sendo
compreendida debaixo de duas cabeças. No primeiro homem, temos pecado,
desobediência e morte. No Segundo Homem, temos justiça, obediência e vida. Assim
como trazemos a natureza do primeiro, do mesmo modo temos a do segundo. Assim
como a maneira de recebermos a natureza do primeiro homem é por meio do
nascimento, assim também o modo de recebermos a natureza do Segundo Homem é por
meio do “novo nascimento”. Tendo nascido, participante da natureza do primeiro;
sendo “nascido de novo”, participamos da natureza do último. 1 Coríntios 15:49 assim como trouxemos a
imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial.
A história de Caim e Abel nos mostra que
eles tiveram atitudes diferentes. O capitulo onze de Hebreus apresenta-nos o
assunto do modo mais distinto e compreensível. Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim;
pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às
suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala. Hebreus
11:4.
Aqui é nos dito que não foi de modo
nenhum uma questão quanto a homens, mas quanto aos seus sacrifícios, não foi
uma questão quanto ao ofertante, mas acerca da sua oferta. Aqui está a grande
diferença entre Caim e Abel. E nós não podemos ficar indiferentes quanto à
compreensão deste fato, pois que nele está envolvida a verdade quanto à posição
de qualquer pecador diante de Deus. Queridos, a diferença é bastante clara:
Caim ofereceu ao Senhor o fruto da terra amaldiçoada, e isso também sem sangue
para remover a maldição, ou seja, ele apresentou um sacrifício incruento
simplesmente porque não creu naquilo que Deus havida dito. A pena do pecado é a
morte. Com efeito, quase todas as
coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue,
não há remissão. Hebreus 9:22.
Caim era pecador e, como tal, a morte
estava entre si e o Senhor. Porém, na sua oferta não havia reconhecimento algum
deste fato. Não havia a apresentação de uma vida sacrificada para cumprir as
reivindicações da santidade divina ou corresponder à sua verdadeira condição
como pecador. Caim tratou o Senhor como se Ele fosse inteiramente igual a si,
que pudesse aceitar o fruto manchado de pecado da terra amaldiçoada. Tudo isto
e muito mais se acha incluído no sacrifício incruento de Caim. Ele mostrou
absoluta ignorância com referência às exigências divinas, no tocante ao seu
próprio caráter e condição como pecador perdido e culpado ao estado verdadeiro
do terreno cujo fruto presumiu oferecer. Deus ensina, e a fé crê que deve haver
vida sacrificada, do contrário não pode haver aproximação de Deus. Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar
no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus. Hebreus 10:19.
Desta forma, quando encaramos o
ministério do Senhor Jesus, vemos, imediatamente que, se Ele não tivesse
morrido na cruz, todo o Seu trabalho teria sido inteiramente inútil quanto ao
estabelecimento do nosso parentesco com Deus. Na verdade “Ele andou fazendo o
bem” toda a Sua vida, mas foi a Sua morte que rasgou o véu. E Jesus, clamando outra vez com grande voz,
entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de
alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas. Mateus 27:50-51.
Nada senão a Sua morte o podia fazer. Se
Jesus tivesse continuado, até este momento, “fazendo o bem” o véu teria
permanecido inteiro, para impedir a aproximação de adoradores do “lugar
santíssimo”. Por isso podemos ver o terreno falso em que Caim se encontrava
como ofertante e adorador. Um pecador imperdoado vindo à presença do Senhor,
para apresentar um sacrifício incruento, só podia ser tido como culpado do
maior grau de presunção. E a maioria das pessoas mesmo neste estado de pecado
tem prazer em se chegar a Deus. Mesmo
neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus
caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus,
perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus. Isaías
58:2.
O sacrifício incruento de Caim, à
semelhança de todo o sacrifício incruento, não só era inútil como também
abominável, na apreciação divina. Caim pensou que podia aproximar-se de Deus
desta forma. E todo o erro religioso pensa o mesmo. Caim tem tido muitos
milhões de seguidores através dos séculos. O culto de Caim tem abundado em todo
o mundo. É o culto de toda alma inconvertida, e é mantido por todo o sistema
falso de religião abaixo do céu com total aprovação do inferno. Quando as
necessidades do religioso não são satisfeitas pelos seus méritos, ou quando ele
não recebe a atenção devida, ele faz um estrago na vida da igreja. Ele fica
inconformado com a situação aparente e lhe sobrevêm à ira. É por isso que todo
religioso é uma pessoa nervosa, irada, chata e doente da cabeça aos pés. Tem muita
gente aberta e sincera caído nas arapucas da religião, supondo que se trata de
um maravilhoso viveiro evangélico. Assim
vos digo para que ninguém vos engane com raciocínios persuasivos. Colossenses
2:4. Amém.
Ouça os estudos em áudio no YOUTUBE:
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