"E encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo" (João 12:3).
O objetivo central do Evangelho é que o
Senhor fique satisfeito. Graças a Deus o pecador tem a sua parte, mas isso não
é o mais importante. O mais importante é que tudo deve ser entendido do ponto
de vista da satisfação do Filho de Deus. É somente quando Ele fica satisfeito
que nós também ficaremos satisfeitos. Jamais encontrei uma alma que tenha se
proposto a satisfazer o Senhor que não tenha, ela mesma, encontrado satisfação.
No serviço divino o princípio de nos gastarmos é o princípio do poder. Esse
princípio que determina a utilidade é o princípio de nos derramarmos. Quando
mais pensarmos que podemos fazer, quanto mais empregarmos os nossos dons até o
limite máximo... descobriremos que estamos aplicando o princípio do mundo e não
o do Senhor. Os caminhos de Deus são todos designados para estabelecer em nós
esse outro princípio: que o nosso trabalho para Ele resulte em um ministério
para Ele. Não digo que não vamos fazer nada, todavia, a primeira coisa para nós
deve ser O SENHOR, não a obra para Ele. Como o vaso de alabastro de Maria foi
quebrado para ungir ao Senhor, todos puderam sentir o cheiro da fragrância. O
que isso significa? Sempre que encontrarmos alguém que realmente sofreu - que
passou por experiências com o Senhor que o trouxeram ao limite de si mesmos,
mas em vez de procurar libertação, se prontificaram a ficar "aprisionados"
por Ele, encontrando no Senhor sua satisfação (e em nada mais), ficamos
conscientes de alguma coisa. Imediatamente nossos sentidos espirituais percebem
o doce sabor de Cristo. Algo foi esmagado, algo foi quebrado naquela vida, e
por isso sentimos o perfume. Não falo do que nós somos, nem do que nós fazemos,
nem do que nós pregamos. Talvez já tenhamos pedido muito ao Senhor que nos
usasse para comunicar aos outros Sua mensagem. Acredite que essa oração não é
necessariamente um pedido para receber o dom de pregar ou ensinar. Expressa o
desejo de podermos, nas nossas relações com os outros, transmitir Deus, a Sua
presença, a percepção de Sua pessoa. Não poderemos produzir essas impressões de
Deus nos outros sem que tudo em nós tenha sido quebrado aos pés do Senhor. Uma
vez alcançada essa condição, Deus começará a usar-nos para criar nos outros uma
sensação de fome espiritual, mesmo sem haver em nossas vidas demonstrações
externas muito visíveis de estarmos empenhados em tão preciosa obra. As pessoas
sentirão perto de nós o perfume de Cristo. O menor santo do corpo sentirá.
Perceberá que está com alguém que tem andado com o Senhor, que tem sofrido, que
não tem se movido livremente, de forma independente, mas sabe o que é entregar
todas as coisas para Ele. Este tipo de vida gera impressões, e essas impressões
produzem fome, e a fome leva os homens a continuar a sua busca até que serão
trazidos, por revelação Divina, à plenitude de vida em Cristo. Deus não nos põe
aqui, primeiramente, para pregar ou para fazer um trabalho para Ele. A primeira
razão porque ele nos põe aqui é para criar fome nos outros por Ele. É isso,
acima de tudo, que prepara o terreno para a pregação. Deus não começará
qualquer trabalho em uma vida sem que, inicialmente, seja criado um sentimento
de necessidade. Mas como isso pode acontecer? Não podemos usar de força para
injetar apetite espiritual nas pessoas, nem as obrigar a ter fome. A fome
precisa ser gerada nos outros por meio daqueles que geram essas impressões de
Deus. Esta questão da nossa influência sobre os outros depende de permitirmos
que a Cruz faça sua obra total em nós, até que possamos satisfazer o coração de
Deus. O Senhor nos conceda graça para que possamos aprender a agradar-Lhe.
Quando, como Paulo, fizermos disso o nosso alvo supremo (2Co 5:9), o Evangelho terá realizado o Seu propósito. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário