"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

ESCRAVOS OU FILHOS?

Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Lucas 15:25 e 28.

Neste ponto da história, Jesus introduziu o caráter do irmão mais velho a fim de mostrar, mediante contraste vívido, a verdadeira natureza do sistema doutrinário farisaico. Vê-se que esse irmão não possuía o amor-Ágape presente em seu pai e, além disso, revelou-se totalmente ignorante de tal amor, e inimigo de qualquer manifestação nesse sentido. Ele trabalhara o dia inteiro no campo. Ao regressar, ouviu o som de música e da dança. Aborrecido, perguntou a um empregado o que estava acontecendo. O empregado lhe disse que seu irmão havia regressado e aquela festa era a celebração de boas vindas da família. Os olhos do moço escureceram-se de ódio e recusou-se a entrar. Ele repugnava o irmão menor; desprezava-lhe a memória e, por dentro, também havia raiva de seu pai. Ouvindo que seu filho mais velho não estava disposto a receber o irmão menor, o pai saiu a fim de persuadi-lo a entrar. Muito mal-humorado, o moço recusou-se, e em seguida explodiu contra seu pai: Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. Lucas 15:29-30.

Fica bastante claro para nós que o moço em sua fúria, revelou o que se aninhara no seu coração durante todos aqueles anos. A palavra grega para "servir" é estar escravizado. Portanto, ele argumentava que havia sofrido muito sob as leis decretadas por um pai feitor de escravos. Ele se considerava também um escravo, rápido na obediência a todas as ordens. Devido ao seu pensamento pervertido, o moço entendia as palavras do pai segundo a mente de um escravo. Em sua opinião ele ia bem como escravo. Sempre obedecera a todas as ordens recebidas, embora nem sempre sentisse alegria no trabalho, nem concordasse com as tarefas. O fato é que esse moço ainda não havia sequer começado a compreender a idéia de um relacionamento de amor no qual ele, como filho, era aceito e amado por quem era, e como era. O filho mais velho que estamos considerando, não conhecia a alegria de amar ao pai e ao irmão com esse tipo de amor. O fato é que a mentalidade de escravo não imagina festas e celebrações espontâneas de alegria. Isso fica claro, porque quando ele ouviu as musicas e danças, não foi se alegrar com seus familiares, mas procurou outro escravo para saber o que estava acontecendo: Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. Lucas 15:26.

O que esse moço e os fariseus não conseguiam enxergar, por serem cegos, era que a aceitação nada tinha a ver com ações ou comportamento. Tinham tudo a ver, entretanto, com o amor do pai; e da parte do irmão mais novo, fé nesse amor incomensurável. O fariseu acreditava que seu currículo de realizações conquistaria para ele o favor divino. Ao aproximar-se de Deus, ele lhe colocaria diante dos olhos sua folha de serviços prestados, encararia aquele a quem considerava tirano e dono de escravos. O pai havia menosprezado o comportamento do filho mais velho e, ao proceder assim, estava afirmando que suas ações nada tinha a ver com aceitação ou rejeição. A aceitação dependia de quem era o pai, e não do que o filho fizera. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, Efésios 2:4.

Entendamos que religião é modificação do comportamento, ela subtrai da vida da pessoa muitas coisas que esta antes vinha fazendo, e acrescenta muitas outras que nunca antes fizeram parte de seu modo de viver. A ênfase da religião é no exterior: nas roupas que a pessoa não pode usar, nos lugares que precisam ser evitados; nos livros, revistas, e filmes proibidos; nos alimentos e bebidas que não podem ser tocados. É óbvio que o sistema doutrinário dos fariseus, o qual procura a aceitação de Deus mediante a modificação do comportamento, reduz o cristianismo a uma fórmula, em vez de mostrá-lo como é: um relacionamento dinâmico com Deus, trazido por Cristo. Quando o irmão mais velho referiu-se ao mais novo como "esse teu filho", em vez de "esse teu irmão", estava dando a entender que o comportamento do rapazinho o levara a perder o direito de membro da família. A religião mira-se no espelho de seus comportamentos e, em seguida, espreita os que não pertencem ao mesmo circulo de presunçosos, e orgulha-se: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; Lucas 18:11b.

A religião muda o comportamento, mas não muda o coração, a fonte dos desejos humanos. Ao acatar todos os preceitos, o individuo evita o que lhe é proibido, mas seu coração ainda deseja regalar-se. Na verdade, o coração almeja ainda mais fazer aquelas coisas, agora que elas se tornaram proibidas. A pessoa sincera se entristece com sua incapacidade para obedecer, mas sempre se esforça para retornar às dedicações e promessas a Deus. Esta pessoa sincera é quem, mais cedo ou mais tarde, estará cheia de problemas, queimada espiritualmente, e exaurida. Algumas pessoas conseguem viver com a diferença entre os preceitos e a realidade das coisas, mas o candidato à queimar-se espiritualmente não consegue viver com aquilo que percebe ser hipocrisia. Essa pessoa continua a lutar em prol da maturidade espiritual dentro da estrutura de códigos de sua igreja, torna-se confusa, desanimada e amargurada. Seu entusiasmo esvai-se, e ela percebe que continua a agir pelo ímpeto. Toda pessoa que ainda não foi liberta do seu pecado, pode ser um bom crente e mesmo neste estado de pecado ainda procura Deus e tem prazer em saber os seus caminhos. Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus. Isaías 58:2.

Se a pessoa buscar a aceitação de Deus baseada, de alguma forma, no seu modo de viver, estará declarando que a morte de Cristo foi desnecessária. Agora quando consideramos a doutrina da salvação de Deus, reconhecemos imediatamente que a nossa segurança está relacionada com aquilo que Cristo fez em nosso favor, e não naquilo que eu faço. Deus realiza a obra da salvação dos homens, ou os homens contribuem de algum modo para sua salvação? Uma coisa fica evidenciada: se Deus faz a obra, Ele não comete erros e não haverá falha alguma; mas se o homem deve contribuir com alguma coisa para sua própria salvação, poderá perdê-la pela sua incapacidade de cumprir com sua obrigação e pelos erros que pode vir a cometer. Quando fomos atraídos na cruz em Cristo, não foi para Deus nos reformar, mas para sermos mortos. Morremos com Cristo e ressuscitamos com Ele e, está é a provisão feita pelo Filho. Sua ação como Advogado e Sua obra como Pastor fiel garante a todos nós a salvação eterna, perfeita e total. Hebreus 7:25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Se Ele pode salvar totalmente, o que sobra para nós fazermos? Simplesmente crer! João 5:24: Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.

Se você é sempre tentado a pensar que Deus não leva a sério o pecado, o orgulho, a presunção, o egoísmo, olhe para o Calvário. A colina da Caveira, como era chamado o Calvário, faz-nos lembrar que Deus não tem como "maneirar". A marcante santidade divina exigia um castigo enorme. E ainda que Deus nos perdoasse por causa de Cristo, não seria essa sua função ou obrigação. Ele nos perdoa por misericórdia imerecida para conosco, cuja correta punição seria o inferno. A cruz é a ponte de amor do Redentor. Nela, atravessamos o abismo que nos separa de Deus, que graciosamente providenciou o perdão e a libertação do pecado, fazendo-nos seus filhos em Cristo Jesus. Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Romanos 7:4.

Todo aquele que nunca passou pela cruz, jamais vai se beneficiar da alegria da salvação e das festividades promovidas pela Pessoa do Espírito do Pai. Todo aquele que é crente legalista, jamais poderá participar da genuína alegria geral dos que foram mortos e ressuscitados com Cristo, porque são soberbos, insensíveis, odiosos, desprezadores, justo aos próprios olhos, totalmente destituídos de simpatia cristã comum. Vive uma vida de escravos e não de filhos. O filho mais velho encontrou sua grande oportunidade para queixar-se, e aproveitou ao máximo a deixa. Deixou sair do íntimo a raiva e o descontentamento que vinha sentindo por muitos anos. Havia observado com esmero cada ordem dada por seu pai, mas no coração, não era um verdadeiro filho. Podemos observar também, que o filho mais velho não se mostrou cauteloso em suas palavras, pois referiu ao cabrito que não lhe fora sacrificado, quanto menos o novilho cevado. Este último era símbolo de concupiscência, por ser um animal de qualidade inferior. E o filho mais velho deixou entendido que os seus serviços, prestados a seu pai, não passavam de algo sem valor, que nem fora ao menos notado ou recompensado. É assim que funciona o escravo cego diante das festividades promovidas pelo amor de Deus: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos. Lucas 15:29b.

A Bíblia diz que quando um pecador se arrepende, há alegria nos céus. Portanto, com a volta do filho pródigo não poderia ser de outro modo, deveria haver grande festa! Embora o filho mais novo tivesse levado uma vida vergonhosa e pecaminosa, tendo desperdiçado os seus bens, apesar de que deveria ter agido de forma totalmente diferente, a sua restauração foi à causa de grande e puro regozijo, tanto no coração do pai como no animo de todos os demais familiares, exceto no caso do filho mais velho. Dessa maneira Jesus ilustrou o valor da redenção da alma humana, o que provoca tanto júbilo em Deus e nos exércitos celestiais. Jesus ilustrou, por meio de contraste, a maldade dos líderes dos judeus, os quais preferiam que um pecador fosse atirado no inferno a vê-lo redimido, contanto que tal pecador pertencesse a uma classe de pessoas desprezadas por eles. Quero concluir dizendo que o pecado sempre exige pagamento. Ou Jesus arca com nossos pecados, ou arcamos nós. Se o Pai desviou o rosto de seu amado Filho quando este foi considerado pecador, podemos ter certeza de que ele desviará seu rosto de qualquer pecador que comparecer perante seu tribunal por méritos próprios. Não é aquilo que faço, mas sim aquilo que Cristo fez na cruz que nos liberta e faz de nós filhos de Deus. 1 João 3:10 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.

Pr. Cláudio Morandi - 28/01/2008


Nenhum comentário: