"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O CORDEIRO PASCAL

E, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal, disseram-lhe seus discípulos: Onde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a Páscoa? Marcos 14:12.

A páscoa era uma refeição formal, com alimentos e vinhos específicos, pelo que era necessário alguma preparação para o evento. O abate do cordeiro, originalmente feito pelo chefe da família, posteriormente tornou-se trabalho dos sacerdotes. Jesus e seus discípulos agiram como uma família, ao se prepararem e participarem da festa, mesmo porque a preparação, naturalmente, tinha de ser feita antes do começo do dia da festa. A palavra páscoa é usada para designar a festa dos judeus que, no hebraico, é chamada "pesach", que significa "saltar por cima", ou "passar sobre". Esse nome surgiu em face da tradição de que o "anjo da morte", ou anjo destruidor, passou por sobre as casas assinaladas com o sangue do cordeiro pascal, quando ele matou os primogênitos dos egípcios. Êxodo 12:21-22: Chamou, pois, Moisés todos os anciãos de Israel e lhes disse: Escolhei, e tomai cordeiros segundo as vossas famílias, e imolai a Páscoa. Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue que estiver na bacia e marcai a verga da porta e suas ombreiras com o sangue que estiver na bacia; nenhum de vós saia da porta da sua casa até pela manhã.

Essa foi a última das pragas que se tornaram necessárias para convencer ao Faraó de permitir que Israel saísse do Egito, após séculos de escravidão naquele país. Portanto, a páscoa assumiu o sentido de livramento, e o próprio êxodo foi à concretização dessa libertação. Em face do cordeiro pascal, sacrificado na ocasião, o evento veio a ser integralmente associado à idéia de expiação, embora não fosse essa a sua intenção original. Na terra de Canaã a festa veio a ser unida à festa agrícola dos pães asmos. Continua sendo celebrada pelo povo hebreu até hoje, como memorial da libertação dos hebreus da servidão no Egito. Páscoa significa libertação. Em realidade, o povo hebreu foi liberto não só da opressão do Faraó egípcio, mas também do anjo destruidor. Vamos ler em Êxodo 12:23: Porque o SENHOR passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, passará o SENHOR aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir.

O povo de Israel experimentou duas libertações, a espiritual e a física. Deus ordenou que o sangue do cordeiro fosse aspergido sobre as ombreiras e as vergas das casas israelitas. Se não houvesse a marca do sangue na porta, a conseqüência seria a morte do primogênito. Alguns dos filhos de Israel podem ter sido tão pecaminosos quanto os egípcios. Mesmo assim, quando Deus enviou Seu anjo para ferir todos os filhos primogênitos na terra do Egito, Ele disse que ficaria satisfeito se tão somente visse o sangue na verga da porta. Deus não exigiu que os filhos de Israel orassem ou fizessem penitência ou prometessem comportar-se bem. Não, Deus ordenou-lhes imolar o cordeiro pascal e aspergir o sangue do cordeiro sobre as ombreiras das portas. Deus não olhava que tipo de pessoa estava dentro da casa; quando via o sangue Ele apenas passava por cima. O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito. Êxodo 12:13.

Não devemos ficar azucrinados por nenhum sentimento ou falta de sentimento nessa questão. O sangue de Cristo é, primeiramente, para a satisfação de Deus, não para nossa. Devemos nos lembrar o que Deus disse: "Quando Eu vir (não nós) o sangue". A nossa inclinação natural é buscarmos em nós ou nas coisas, alguma coisa que possa constituir, junto com o sangue de Cristo, o fundamento da nossa paz. Existe uma falta lamentável de compreensão e clareza sobre este ponto vital, como se verifica pelas dúvidas e receios com que muitos do povo de Deus são afligidos. Na noite da páscoa, os filhos de Israel estavam dentro da casa, enquanto o sangue do cordeiro estava fora. Dentro da casa, eles não podiam ver o sangue; contudo, tinham paz por saberem que Deus estava satisfeito com aquele sangue. O cordeiro pascal era uma figura de Cristo. Quando João Batista, pela primeira vez, viu o Senhor, ele proclamou: No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! João 1:29.

Vale a pena lembrar-nos que havia todo um cuidado na escolha do cordeiro que ia ser sacrificado. Devia ser um animal de características especiais. O cordeiro não podia ter deficiência alguma. Tinha que ser o melhor de todo o redil. O sacerdote o examinava minuciosamente antes de seu sacrifício. Êxodo 12:5a O cordeiro será sem defeito, macho de um ano. O animal devia ser sem mancha e imaculado, porque a lei determinava que o animal ofertado não podia ter defeito. Por isso, para nós cristãos, a Páscoa tem um profundo significado porque representa a obra que Cristo realizou para nos libertar. A festa da Páscoa apontava para a futura encarnação do Senhor Jesus. Esta comemoração era exatamente uma antecipação figurativa da obra de Jesus no Calvário. As Escrituras Sagradas registram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém poucos dias antes de sua crucificação, e esta entrada se deu exatamente no momento em que o povo estava trazendo os seus cordeiros pascoais para serem examinados pelos sacerdotes. O cordeiro era submetido a um rigoroso exame pelo sacerdote antes de ser apresentado para o sacrifício. Leiamos em Hebreus 7:26: Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus.

O texto que acabamos de ler nos mostra que o Senhor Jesus tinha que ser declarado totalmente imaculado. O Cordeiro de Deus foi examinado minuciosamente pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus, e nenhum deles conseguiu achar no Senhor qualquer defeito que o incriminasse. Não somente os judeus testificavam que Jesus era perfeito, mas também a autoridade civil que representava Roma não viu no Cordeiro de Deus nenhuma mácula. Vamos ler em João 19:4: Outra vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum. Por três vezes Pilatos declarou a inocência do Salvador. Jesus o Deus encarnado, era o perfeito cordeiro que seria sacrificado por indignos pecadores. O cordeiro pascal aponta com clareza para o Senhor Jesus Cristo, pois em vários lugares a Bíblia confirma essa veracidade. Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, 1 Coríntios 5:7, Isaías 53:7 e 1 Pedro 1:19.

Não estamos somente sob a proteção eterna do sangue do Cordeiro, como as nossas almas se alimentam pela fé da pessoa do Cordeiro. Muitos de nós enganamos-nos a esse respeito. Estamos prontos a contentarmos-nos por estarmos salvos por meio da obra que Cristo realizou em nosso favor sem mantermos uma santa comunhão com Ele próprio. O seu coração amoroso nunca poderá contentar-se com isto. Ele trouxe-nos para perto de Si para que pudéssemos apreciá-lo, alimentando-nos dEle e regozijarmos-nos nEle. Cristo apresenta-se perante nós como Aquele que sofreu o fogo intenso da ira de Deus, a fim de ser, neste caráter maravilhoso de Cordeiro, alimento para as nossas almas redimidas. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. João 6:57.

Assim como Deus usou o cordeiro pascal a fim de livrar os filhos de Israel no passado, da mesma forma agora Ele usa o Senhor Jesus, o nosso Cordeiro pascal, para nos salvar. Assim como os filhos de Israel foram salvos pelo cordeiro, também somos hoje salvos pelo Cordeiro de Deus, o Senhor Jesus. Os filhos dos hebreus não foram salvos porque neles havia algum mérito, mas porque o sangue do cordeiro tinha sido aspergido na verga e nas ombreiras de suas casas. Da mesma maneira a nossa salvação é fundamentada no derramamento do sangue do Cordeiro de Deus, e não em boas obras. O Senhor Jesus foi levado à cruz em conseqüência de nossos pecados. Foi a nossa maldade que levou a Cristo para aquela morte tão cruenta. E foi lá na cruz que o Senhor Jesus realizou uma obra perfeita de salvação, quando nos atraiu, nos crucificou, nos fez morrer e juntamente com Ele Deus nos ressuscitou, conforme o relato bíblico em Efésios 2:6: e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.

Para os cristãos, a Páscoa é a celebração da ressurreição de Cristo. A ressurreição é inconcebível para a mente racional, pois a morte é um assunto sem alternativa para a ciência. A morte é o fenecimento da vida, a extinção da menor expectativa. Como se pode celebrar a ressurreição diante de uma realidade que extermina com toda esperança existencial? A ressurreição de Cristo é uma categoria espiritual que foge ao controle da mente. A fé cristã não explica a ressurreição, porém a ressurreição de Cristo explica a existência da fé cristã. O cristianismo começa onde termina a competência humana de elucidar os fatos. Ele inicia na boca de uma sepultura vazia sob a alegação do entendimento. A ressurreição de Cristo é a pedra fundamental da salvação. Não há poder maior do que a restituição da vida que não está mais sujeita à morte. Jesus Cristo é o primogênito dentre os mortos. Ele é o primeiro que ressuscitou para nunca mais morrer. A base do nosso perdão está na nossa morte com Cristo, mas a base da salvação está na vida de ressurreição juntamente com Cristo. Nós não somos salvos pela morte de Cristo Jesus, ainda que essa morte seja fundamental para a nossa salvação, pois não há ressurreição sem a morte. A verdadeira salvação é uma troca de vida. Perdemos a vida de Adão na cruz com Cristo e ganhamos à nova vida na ressurreição de Cristo. Portanto o sinal da vitória está na luz da ressurreição. 1 Coríntios 15:14: E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé. Jesus é a verdadeira Páscoa! Louvado seja Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, a nossa Páscoa! Feliz Páscoa, feliz ressurreição!

Pr. Cláudio Morandi - 21/03/2008

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