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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O ENGANO DE BALAÃO

Veio, pois, o SENHOR a Balaão, de noite, e disse-lhe: Se aqueles homens vieram chamar-te, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente o que eu te disser. Números 22:20.

Se tomarmos conhecimento de algumas informações que fazem parte dos bastidores da história de Balaão, reconheceremos que de forma alguma existe uma contradição e muito menos injustiça da parte de Deus para com ele. Balaão era um adivinho que praticava uma espécie de magia branca, misturando o nome de Deus em suas adivinhações. (Nm 22.7-8; Nm 24:1 e Js 13:22). Por isso, ele não era sincero, mas estava enredado em mentiras que procediam de seu coração. Josué esclarece que Balaão disse a Balaque que somente poderia fazer o que o Senhor lhe ordenara (Nm 22.18), mas em seu coração ele preferia amaldiçoar Israel: Porém eu não quis ouvir Balaão; e ele teve de vos abençoar; e, assim, vos livrei da sua mão. Josué 24:10. Muito reveladora é a frase: "Mas eu não quis ouvir Balaão". Portanto, Balaão não estava querendo abençoar a Israel, mas foi forçado a fazê-lo porque o Senhor o obrigou (Nm 23.26). O Apocalipse menciona igualmente que Balaão não foi sincero: Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. Apocalipse 2:14. O que havia acontecido? Mesmo que Balaão teve de abençoar Israel por três vezes por mandado divino, ele usou de astúcia diabólica para que os israelitas, logo depois, fossem seduzidos pelas mulheres dos moabitas (Nm 25.1ss.). O conselho para essa sedução fora dado por Balaão ao rei moabita Balaque (Nm 31:16). Portanto, mesmo sabendo da benção do Senhor para o povo de Deus, ele armou uma cilada para os filhos de Israel. Por meio da miscigenação com os moabitas o povo teria sido arruinado se Deus não tivesse impedido. O apóstolo Pedro relata o mesmo episódio: Abandonando o reto caminho, se extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça (2 Pedro 2:15).

Balaão, portanto, deixou o caminho reto do Senhor para enveredar por caminhos tortuosos. Ele sabia qual era a vontade de Deus, uma vez que ele próprio, como porta-voz de Deus, teve de abençoar Israel. Mas, mesmo assim, queria aniquilá-lo. Exteriormente Balaão seguia pelo caminho que o Senhor lhe ordenara, mas interiormente seu caminho era tortuoso. Ele não seguiu pelo caminho com sinceridade, mas com o desejo interior de amaldiçoar Israel, mesmo devendo abençoá-lo. Josué nos relata a perdição de Balaão: Também os filhos de Israel mataram à espada Balaão, filho de Beor, o adivinho, com outros mais que mataram. Josué 13:22. Balaão experimentou exatamente aquilo que Deus prometera a Abraão: Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Gênesis 12:3a. A contradição aparente é solucionada quando concluímos: Deus mandou Balaão pôr-se a caminho para abençoar a Israel. Por enxergar o coração de Balaão e saber que ele queria amaldiçoar Israel, colocou-se em seu caminho para adverti-lo pessoalmente. Para nós esses acontecimentos servem de exortação, mostrando como é perigosa uma obediência hipócrita, só de aparências. É perigoso quando, no fim das contas, o que queremos mesmo é fazer a própria vontade, e assim desobedecemos e pecamos. O Senhor conhece nossos corações e nos alerta para sermos sinceros e leais, sem fingir uma falsa obediência. Graça e paz.

Pr. Cláudio Morandi - 16/06/2008


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