"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

sábado, 2 de agosto de 2008

O PARADOXO DA CRUZ

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. I Coríntios 1:26 - 29.

É cada vez menor o lugar para a verdade na Igreja, e nos últimos tempos, a maior esperança para o pensamento evangélico está no centro da mensagem evangélica: "a cruz de Cristo." O canal estreito do sucesso a longo prazo de uma igreja se resume a um comprometimento renovado com a mensagem da cruz. Um diagrama correto da mente cristã não deveria ser um círculo que engloba tudo em um sistema, mas uma cruz que, a partir de um paradoxo central, desloca-se em todas as direções para que possa lançar sobre todos os aspectos da realidade. Compreender o poder e a importância da cruz em relação a todas as áreas da vida é a chave para que haja saúde e plenitude na igreja de Cristo durante todo o tempo. A decisão mais importante que um líder pode tomar é revelar o significado total da cruz para o povo. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 1 Coríntios 2:2.

Todo aquele que conhece a mensagem de Cristo crucificado por experiência, certamente possui uma das compreensões mais poderosas e radicais da natureza da teologia cristã que a Igreja já conheceu. Agora, se a vida e o ministério parecem um mistério para você, a cruz oferece uma resposta. O antigo enigma da cruz pode resolver os novos enigmas de nossa experiência fragmentada neste mundo moderno. Assim como uma bússola, a mensagem da cruz de Cristo aponta para o progresso que de outra maneira poderíamos ignorar e rejeitar. Existem muitos líderes nas igrejas espalhadas pelo mundo a fora que estão completamente frustrados e confusos com relação ao seu cristianismo. Mas de que maneira a morte de Cristo oferece soluções para líderes confusos e cristãos igualmente confusos? Eles precisam de alguém que não apenas podasse os ramos, mas que pudesse atacar a raiz do problema. Lucas 3:9 E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.

A Bíblia descreve o homem sendo totalmente corrupto, sem qualquer possibilidade de reformar-se. A única solução é a morte. Como um pedaço de madeira infestada de vermes, ele não tem nenhuma oportunidade de ser entalhado ou esculpido. O único destino para ele é ser lançado ao fogo. A morte é a solução. Somente pessoas mortas não se orgulharão se forem elogiadas mil vezes. Somente pessoas mortas não ficarão iradas e ressentidas se você as repreender repetidamente. A morte resolve todos os problemas relativos ao pecado. Ao realizar Sua obra no homem, Deus não trata com indivíduos, mas inclui toda a humanidade em Cristo. Tudo o que Ele executa em Cristo é realizado em nós. Em Cristo encontra-se a doutrina da salvação. Nele também, Deus dá ao homem uma nova vida. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim. Gálatas 2:20.


A única maneira de ganharmos a vida de Cristo é perdendo a velha vida. Para a maioria das pessoas, isso parece confuso. Mas, se eu quero entender a Bíblia hoje, preciso aprender a pensar usando paradoxos. A percepção da cruz ilustra a maneira como devemos pensar se realmente desejamos entender a verdade das Escrituras. Entendamos que Deus faz as coisas usando o seu oposto. Ele faz algo surgir do nada. Ele ganha quando perde. Ele nos exalta quando nos humilhamos. Ele transforma as sextas-feiras da paixão em domingos de Páscoa. Ele age de maneira oposta ao que a humanidade espera, segundo a lógica, que um Deus onipotente agiria. Deus trabalha usando paradoxos. A única salvação segura é aquela que renuncia às obras. A força de Deus foi revelada na morte de Cristo. Quando estamos fracos é que somos forte. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. 2 Coríntios 12:10

A teologia natural e a metafísica especulativa que procuram conhecer a Deus pelas obras da criação estão na mesma categoria que as obras de justiça dos moralistas. Em outras palavras, falar sobre Deus com base primeiramente no que pensamos sobre suas obras gera o orgulho dentro de nós. Por que o nosso Deus glorioso e todo-poderoso deseja ser entendido em termos de fraqueza e loucura? Como podemos adorar a um Deus tomado pela loucura? Pelo simples fato de os homens usarem errado o conhecimento de Deus que eles obtiveram por suas obras, Deus determinou que fosse conhecido pelos sofrimentos. Por que os sofrimentos existem? Porque não nos beneficiamos de nosso conhecimento natural de Deus, a menos que ele seja conhecido na humilhação e na vergonha da cruz. Portanto, a única maneira correta de entender Deus é olhar para a cruz e não meditar sobre a Via Láctea, pois ela nos confronta com duas verdades que de outra maneira não iríamos encarar: primeiro, somos inimigos de Deus; e segundo; Deus amou os seus inimigos em Cristo. Conhecer a Deus pela fraqueza e a loucura da cruz nos humilha, porque foi a nossa fraqueza e a nossa vergonha que Deus carregou sobre si quando subiu na cruz. Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. 1 Pedro 2:24.

Cristo na cruz se torna um retrato apropriado da humanidade como ela verdadeiramente é; fraca, impotente diante da morte, mas ainda sob o julgamento da morte. Nossos pensamentos arrogantes sobre Deus se transformam em um jogo sujo, no qual procuramos tomar o lugar de Deus. Por isso, a aparência de Deus como tolo derrotado é como um jogo, onde Ele dá vida em lugar da humanidade caída. A cruz é microscópio que localiza Deus no emaranhado de nossa pecaminosidade fraca e tola e seu amor vulnerável e imerecido para esses inimigos. Conhecer a Deus pela cruz é conhecer o nosso pecado e seu amor redentor. Como podemos apresentar imagens de um Deus tão fraco e louco e continuar a adorá-lo? A glória de Deus é ampliada, não diminuída, quando pensamos e falamos sobre ele nos termos da crucificação. Pois Deus mostra que ele é Deus precisamente no fato de que ele é poderoso na fraqueza, glorioso na humilhação vivo e vivificado na morte. Somente Deus é amoroso o suficiente para amar o que não pode ser amado. Somente Deus é eterno o suficiente para ser tragado pelo tempo e pela morte e ainda sobreviver para contar como foi. A cruz intensifica o Rei divino que bancou o louco para acabar com a loucura do pecado e da morte. Isso fica muito claro para nós porque quando Cristo foi para a cruz, ele também levou o pecador a morrer juntamente com ele, assim satisfazendo plenamente a justiça de Deus. Romanos 6:6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos.

O nosso cristianismo é radical e paradoxal. Ele é impressionante uma vez que quando cremos na nossa morte no corpo do Senhor Jesus Cristo na mesma cruz com Ele, saímos do tribunal e entramos numa maternidade. O que vemos diante de nós não é um prisioneiro que foi absolvido, mas um bebê que acaba de nascer. Quanto tempo leva para um bebê nascer? Somente alguns minutos. É claro que meses de preparação precedem o nascimento, e o trabalho de parto pode durar várias horas; mas o nascimento em si é uma crise repentina e quase instantânea. No entanto, embora um bebê leve apenas alguns minutos para nascer, pode levar uns vinte e cinco anos para que uma pessoa alcance a maturidade física e emocional completa. Assim também aconteceu conosco quando nascemos de novo, agora o que se requer de nós é o profundo e ardente desejo da intima comunhão com Deus-Pai, através de Sua Palavra para nosso crescimento espiritual em Cristo. Leiamos em 1 Pedro 2:2 desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação.

A morte de Cristo é a conquista que nos salva perfeitamente, e não os nossos passos atrapalhados nessa escala da salvação. A menos que nós vivamos pela fé na conquista dos eventos ocorridos na Sexta-feira da Paixão e comprovados pelas surpresas do Domingo de Páscoa, jamais entenderíamos como Deus pode justificar e aceitar como seus filhos pecadores que merecem a maldição, e não sua benção. Mas quando aprendemos a ver Deus e sua salvação na perspectiva da cruz, podemos ver as coisas de uma maneira diferente. O principio da cruz é que Deus faz as coisas de maneira surpreendente e contraditória. Para inspirar o nosso louvor, ele usa as vestes engraçadas da fraqueza. Para livrar os pecadores, decide ser derrotados por eles. Quando nós nos acostumamos a essa maneira esquisita de ver as coisas, a salvação se torna clara e maravilhosa. Podemos estar seguros de que somos justos aos olhos de Deus, porque ele também é esquisito, pois nos vê segundo a morte vicária de seu Filho Jesus Cristo. Por esse motivo, podemos ter confiança no amor de Deus quando perdemos toda a confiança em nosso próprio amor. Podemos estar cheio de alegria em Deus, mesmo quando ficamos desesperados ao olharmos para nós mesmos. Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós. João 14:20.

Paradoxalmente, acaba sendo pela ira de Deus que a misericórdia opera, para que o homem não busque essa misericórdia a menos que saiba o quanto necessita dela. Mas o que dizer do sofrimento como parte da vida cristã? Por que Deus nos faz passar por circunstâncias dolorosas e humilhantes após sermos justificados? A resposta é que o padrão da cruz se torna o padrão de toda a nossa jornada cristã. Enquanto a Sexta-feira Santa dá lugar ao domingo de Páscoa, a experiência da ausência de Deus começa a assumir um novo significado. Onde Deus estava? Enquanto as testemunhas da crucificação viam a Jesus com arrogância, olhando para o os céus à espera de um livramento, elas não viram sinal algum de Deus e presumiram que ele estava ausente. A presença de Deus era despercebida, foi menosprezada e ignorada, porque Deus escolheu estar presente onde ninguém esperava encontrá-lo: no sofrimento, na vergonha, na humilhação, na fraqueza e na loucura da cruz de Jesus Cristo. No entanto, a cruz deve mudar a maneira como vemos cada doutrina. Cristo crucificado e oculto é o Deus cuja força está por trás da aparente fraqueza, e cuja sabedoria se esconde por trás da aparente loucura. O paradoxo da cruz é, portanto, no passado e no presente, uma teologia de esperança para os desesperados e pecadores miseráveis. Nunca tente entender a cruz de Cristo pela razão, senão você vai se escandalizar, mas abrace-a com a fé e terás alegria. Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas 6:14 .

Pr. Cláudio Morandi - 14/09/2007

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