"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

domingo, 11 de janeiro de 2009

SUA GRAÇA DO COMEÇO AO FIM

Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa, dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia. Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. Mateus 20:9-16.
Quero chamar sua atenção para o ensino especial contido nesta parábola, como parte de nossa consideração do assunto da infelicidade na vida do cristão — o cristão miserável. Muitas das dificuldades que surgem em nossas vidas é devido a falta de clareza com respeito ao ingresso na vida cristã. Pretendo neste estudo salientar as causas mais importantes de tropeços e dificuldades e de infelicidade. Ao considerá-las, precisamos nos lembrar mais uma vez que as Escrituras deixam muito claro que não há parte desta vida cristã que não tenha os seus perigos. O inimigo nos segue como seguiu o Senhor, o tempo todo. Quando ele tentou e provou o Senhor no deserto por qua­renta dias, lemos que no fim ele O deixou apenas "por algum tempo". Lucas 4:13. Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno.
Não há nada pior ou mais repreensível do que entorpecer as pessoas com algum tipo de soporífero, e então per­mitir que acordem subitamente para enfrentar dificuldades para as quais não estão preparadas. Ao examinar esta parábola, é muito importante que o faça­mos de maneira correta, e a compreendamos verdadeiramente. Pode-se dizer, com reverência, que esta é uma parábola muito perigosa, se não for interpretada corretamente. Há muitos que se agarram a algo nela, justamente à "undécima hora". Pensam: "Não preciso me preocupar com minha salvação agora; vou fazer isso na hora undécima, como as pessoas que foram trabalhar na vinha na undécima hora e receberam o mesmo que aquelas que começaram cedo de manhã". Não há erro mais fatal do que este. Como disse o bispo Ryle a respeito do ladrão na cruz: "Poucos são salvos no seu leito de morte. Um ladrão na cruz foi salvo, para que ninguém se desespere; mas somente um, para que nin­guém presuma". Portanto devemos atentar para o que o aopóstolo Paulo nos diz em Romanos 13:11b. Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos.
Esta parábola, portanto, como todas as outras parábolas, tem o propósito de ensinar uma verdade. Aqui, então, está o princípio em que devemos nos concentrar: É que na vida cristã tudo é pela graça, do começo ao fim. Essa é a mensagem, essa é a doutrina, esse é o princípio, isto é, que por causa deste grande prin­cípio da graça, aqueles que entram no fim são iguais àqueles que entraram no começo. Examinamos a parábola desse ponto de vista, mas neste estudo nossa ênfase será sobre aqueles que entraram no começo. Não há qualquer dúvida que o objetivo da parábola é dirigir a estas pessoas uma advertência solene e séria. E hoje o perigo para muitos tem sido o de voltar à escravidão, e é um perigo muito real na presente época por causa dos entretenimentos e seitas que têm surgido em toda parte.
Pessoas que conheceram a gloriosa liberdade dos filhos de Deus às vezes caem novamente em escravidão e se tornam infelizes e miseráveis murmuradores. Então lemos que eles começaram a murmurar. Sua alegria e felicidade se foram completamente, e aqui os encontramos murmu­rando porque não receberam algo extra. Mas é um fato que cristãos podem ser culpados dessa atitude que o Senhor retrata aqui, pois essa tendência de murmurar como fizeram os filhos de Israel no passado, e como esses homens fizeram aqui, sentindo pena de si mesmos, sentindo que não rece­beram tudo que tinham direito, sentindo que de alguma forma receberam tratamento injusto. O Novo Testamento coloca muita ênfase nessa questão. O apóstolo Paulo dirige uma palavra sobre isso aos filipenses. Ele os lembra de que devem "resplandecer como astros no mundo": Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo; Filipenses 2:14-15.
Que coisa trágica que cristãos possam ser miseráveis e murmuradores, em vez de se regozijar em Cristo Jesus. É um resultado do fato de que se esque­ceram que tudo é pela graça. Eles se esqueceram deste grande princípio que permeia a vida cristã toda, do começo ao fim. Todavia acima de tudo, e isto é o mais sério e mais terrível de tudo é que eles sentiam em seus corações que o senhor da vinha era injusto. Nessa condição eles se convenceram que esse homem não era justo na maneira como os havia tratado. Estavam absolu­tamente errados, não havia qualquer base para tal atitude, mas eles sentiam isso. Assim, o cristão é tentado pelo diabo para sentir que Deus não está sendo justo. O diabo se chega a ele e diz: "Veja só quanto você fez, e o que está recebendo em troca? Olhe só para esse outro, ele não fez nada, e olhe só para o que ele está ganhando". Isso é o que o diabo diz, e essas pessoas lhe dão ouvidos. 1 Pedro 5:8. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar.
Que coisa miserável, feia e indigna é a natureza humana! Todos somos culpados disso, cada um de nós, de alguma forma ou outra. O diabo vem a nós, e nós lhe damos ouvidos, e come­çamos a duvidar se Deus realmente é justo na maneira que nos trata. O nosso "eu" precisa ser exposto pelo que realmente é. O pecado, em toda a sua feiura e podridão, precisa ser desmasca­rado. Não é de surpreender que nosso Senhor tratou desse espírito errado da forma como o fez nesta parábola. É o maior inimigo das nossas almas, e nos leva à miséria e ao desespero. É este o seu resultado. É completamente errado, e nada pode ser dito em sua defesa. Meus amados irmãos e irmãs, precisamos estar constantemente confessando a nossa morte e ressurreição com Cristo, porque está é uma palavra fiel e verdadeira. Jamais devemos pensar em termos de direitos e barganhas no reino de Deus. Isso é absolutamente fatal. Não há nada mais errado do que o espírito que argumenta que, por­que eu faço isto, ou porque eu fiz aquilo, tenho o direito de esperar algo em troca.
Não importa o que for, quer seja oração ou qualquer outra coisa, de forma alguma devo argumentar que, porque eu fiz uma certa coisa, tenho o direito de receber algo em troca, nunca. Quando fomos regenerados em Cristo pela Sua ressurreição, foi para pertencermos a outro Reino. E o princípio é que no reino de Deus tudo é essencialmente diferente de tudo em qualquer outro reino. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Romanos 14:17. E este Reino veio a nós inteiramente pela Sua graça.

Até mesmo as recompensas são pela graça. Ele não precisa dá-las, e se acham que podem determinar ou predizer como elas devem vir, estão erra­dos. Tudo na vida cristã é pela. graça, do começo ao fim. Pensar em termos de barganha, e resmungar por causa dos resultados, revela desconfiança dEle, e precisamos vigiar nosso próprio espí­rito, para que não abriguemos o pensamento de que Ele não está nos tratando de maneira justa. Se começarem assim, vão acabar roubando a si mesmos. Gosto da maneira como o Senhor ensina isso. Se fizerem um acordo com Deus, bem, então é quase certo que receberão apenas o que foi ajustado, e nada mais. Aqueles homens, bem no prin­cípio, tinham esse ajuste de receber um dinheiro por dia. "Muito bem", disse o senhor da vinha, "receberão um dinheiro." Mas quando os outros vieram, ele lhes disse: "Vão trabalhar, e lhes darei o que é justo". E eles receberam muito mais do que espe­ravam. Essas últimas pessoas receberam um dinheiro; mas não esperavam isso, e receberam muito mais do que imaginavam. Eles mereciam? Dentro da lógica humana não! Mas aqui estamos tratando com o Deus de toda graça. Tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade. Colossenses 1:6b.
Voces se lembram que os primeiros ganharam apenas um dinheiro. Irmãos, não façam barganhas com Deus! Se o fizerem, receberão apenas o que estava no acordo; mas se deixarem tudo nas mãos dEle e de Sua graça, provavelmente receberão mais do que poderiam imaginar. O Senhor disse a respeito dos fariseus: "Já receberam sua recompensa". Eles faziam aquelas coisas para serem vistos pelos homens; eles eram vistos pelos homens, isso era o que que­riam, e isso era o que iriam receber, e nada mais. Não mante­nham um balanço ou registro do seu trabalho. Desistam dessa contabilidade. Na vida cristã nada devemos desejar além da Sua glória, nada além de agradar a Ele. Então, não fiquem de olho no relógio, mantenham seus olhos nEle e na Sua obra. Não fiquem registrando seu próprio trabalho, mantenham seus olhos nEle e em Sua glória, em Seu amor e em Sua honra e na expansão do Seu reino. Mantenham sua atenção nisso e em nada mais. Não se preo­cupem com quantas horas dedicou ao trabalho, nem com o que vocês fizeram. Deixem a contabilidade aos cuidados dEle e da Sua graça; deixem que Ele mantenha o registro. Ouçam o que Ele diz a esse respeito: "Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita". É assim que devem trabalhar no Seu reino, devem traba­lhar de tal forma que sua mão esquerda nem saiba o que a direita está fazendo. Por esta razão: "Teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente". Não há necessidade de perder tempo mantendo um balanço: Ele está fazendo isso. E a contabilidade dEle é maravilhosa!
Eu não conheço nada mais romântico do que o método de contabilidade de Deus. Pre­parem-se para surpresas no Seu reino. Vocês jamais saberão o que vai acontecer. Os últimos serão os primeiros. Que inversão total da nossa perspectiva materialista; os últimos, primeiro; os primeiros, por último, tudo de cabeça para baixo. O mundo todo foi virado de cabeça para baixo pela graça. Não é do homem, é de Deus, é o reino de Deus. Que coisa esplêndida! É graça no princípio, é graça no fim. Portanto, quando nós estivermos em nosso leito de morte, o que deve nos consolar e ajudar e fortalecer ali é a mesma coisa que nos ajudou no começo. Não o que fomos, não o que fizemos, mas a graça de Deus em Jesus Cristo nosso Senhor. A vida cristã começa pela graça, deve continuar pela graça, e terminar na graça. Graça, maravilhosa graça. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10. Amém


Pr. Cláudio Morandi

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