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quinta-feira, 1 de abril de 2010

O HOMEM NATURAL E A RESSURREIÇÃO

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Efésios 2:1-3.
Pode-se afirmar que o estado natural, é uma condição ou situação referente á natureza ou produzido pela natureza, situação espontânea, que segue a ordem regular das coisas. Também é a constituição básica de alguma coisa. Pode referir-se ao que a pessoa é de nascença, bem como às qualidades hereditárias junto com costumes adquiridos. Nascido, originário, oriundo, procedente. Paulo chama os seus patrícios judeus de “judeus por natureza”, isto é, nascidos de pais judeus. Vamos ler juntos em Gálatas 2:15 Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios.
O homem no seu estado natural é um morto. Morto espiritual, separado de Cristo, pois se encontra morto em seus delitos e pecados. A Bíblia nos mostra que o pecado trouxe a morte para a humanidade, através do primeiro homem, Adão. A partir do pecado, o homem se tornou um ser espiritualmente morto para Deus. Em Ezequiel 37; 1 a 10 temos um relato da visão do profeta em um vale de ossos secos. Nesta visão Deus assemelhou Israel a ossos secos espalhados num vale. Esta visão se aplicava a Israel que, tragado pelo exílio babilônico, era como pessoas, cuja esperança havia-se desvanecido. O homem natural é como um desses homens da visão do profeta, ou seja, é um “cadáver ambulante”, sem a vida de Cristo, separado de Cristo, portanto morto espiritualmente. Isto significa que a raça humana sem Cristo, está espiritualmente morta agora mesmo, ou seja, não participam da verdadeira Vida. A verdadeira Vida se encontra em Cristo, é o próprio Cristo. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. 1 João 5:12.
Um corpo fica morto sem a presença do “espírito”. Por semelhante modo, no mundo espiritual, os homens estão mortos sem a vida de Cristo, o grande doador da vida, o agente de transformação moral. O homem natural vive de acordo com o “curso deste mundo” um tipo de vida própria, uma maneira de viver independente da vida Deus, caracterizada pela era atual, ou seja, de conformidade com o “presente sistema mundano". Vivendo de acordo com os prazeres oferecidos pelo mundo, sem nenhum interesse pela vida oferecida por Deus, portanto obedecem e são governados pela vontade da carne e dos pensamentos. O homem natural tem a inclinação ou propensão natural para o mal, visto que é espiritualmente filho do Diabo, e, portanto não aceita e não entende as coisas de Deus.
Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 1 Coríntios 2:14.
Portanto o homem natural aqui descrito, por ser imperfeito e concebido em estado de pecado, descendente de Adão e não regenerado, e sem o Espírito de Deus, não pode compreender as realidades espirituais porque elas não estão ao alcance do intelecto humano. E apesar dessas realidades estarem sujeitas à compreensão da alma humana, ainda assim, somente a instrução dada pelo Espírito Santo, mediante a vida de Cristo é que pode ser subentendida. As realidades espirituais, o evangelho, e a redenção que há em Cristo Jesus, só podem ser reconhecidas mediante a operação do Espírito Santo. Esta cirurgia aconteceu no Calvário, quando da morte e da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. João 12:32. Jesus neste texto faz duas importantes afirmações que mudariam para sempre a história da humanidade. Primeiro Ele diz: E eu quando for levantado! Fica muito claro aqui de que tipo de morte Ele haveria de morrer. Morte de cruz. Ou seja, para que o homem natural, separado da vida de Deus, por causa do pecado, pudesse ter comunhão novamente com o Criador, haveria a necessidade de que Ele, Jesus, morresse desta forma. Ou seja, oferecer-se em sacrifício a Si mesmo em favor dos pecadores, tomar o cálice que era nosso e morrer a nossa morte. Oferecer-se de sua própria vontade perante o Senhor e com isso revelar claramente o Seu grande propósito. Pagar o preço. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 6:23. Estamos sempre prontos a contemplar a cruz simplesmente como o lugar onde a grande questão do pecado foi tratada, o lugar onde a nossa culpa foi expiada e onde Satanás foi gloriosamente vencido. A cruz foi tudo isso. E mais do que isso. Foi o lugar onde o amor de Cristo pelo Pai se expressou em linguagem tal que só o Pai podia ouvir e compreender. Quando Jesus contemplou a cruz como o lugar onde Ele foi feito pecado, quando previu os horrores que ali passaria, exclamou dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua. Lucas 22:42. Vemos aqui que Cristo não só esteve na cruz levando o nosso pecado, mas também esteve na cruz cumprindo a vontade de Deus. Esta verdade envolve a cruz de atrativos particulares para a mente espiritual. Dá aos sofrimentos de Nosso Senhor um interesse de caráter mais intenso. O pecador culpado encontra, incontestavelmente, na cruz uma resposta divina aos mais profundos e ardentes desejos do coração. O verdadeiro cristão encontra na cruz aquilo que cativa todas as afeições do seu coração e deixa aturdido todo o seu ser moral. Tudo isso é verdade, mas há ainda, algo mais; que é a profunda devoção do coração do Filho para com o Pai e como este o apreciou. Este é o assunto elevado da cruz, que é manifestado de um modo tão notável. Há também uma segunda afirmação de Jesus no texto acima de João 12; 32b. Atrairei todos a mim mesmo. Não bastasse o fato de Jesus morrer a morte do pecador, sem merecer porque nEle não havia e nem conheceu pecado. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21.
É um fato que, quando Jesus foi levantado da terra nos atraiu a Si, nos fez morrer juntamente com Ele. Fica claro nesta afirmação de que Jesus, na cruz, não morreu só. A aplicação deste fato a Cristo e a aquele que crê, realça uma verdade das mais preciosas, uma das mais largamente desenroladas no Novo Testamento, a saber: A nossa identificação eterna com Cristo e a sua aceitação em Cristo. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. 1 João 4:17 e 1 João 5:20.
Jesus ao nos incluir em Seu corpo, para que morrêssemos juntamente com Ele, e nos tornou aceitos no Amado, de forma que, ou havemos de estar em Cristo ou fora Dele. O homem que não está em Cristo está nos seus pecados. Não há terreno neutro. Não se pode estar parcialmente em Cristo. Ainda que seja apenas da espessura de um cabelo que se interponha entre nós e Cristo, estaremos num estado positivo de ira e condenação. Se pelo contrário, estamos em Cristo, então somos qual Ele é perante Deus. Quando Deus aceitou a oferta de Seu filho, nós fomos aceitos juntamente com Ele, porque somos membros de seu corpo. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. 1 Coríntios 6:17.
Ora não é possível que a cabeça, que é Cristo, esteja num grau de aceitação e os membros noutro. Não. A cabeça e os membros são um. Deus considera-os um. E, portanto são um. Esta verdade nos dá a mais completa segurança, visto que não é possível haver qualquer acusação contra Aquele com quem estamos unidos. Dá-nos uma profunda impressão da nossa própria nulidade, visto que a nossa união com Cristo é baseada na morte da velha natureza e na abolição total de todos os direitos e de todas as pretensões que o homem natural pode reenvidicar. Tudo isso se baseia na perfeição divina da obra de Cristo. Da mesma forma como no caso do Holocausto, no Velho Testamento, em que a aceitação do adorador era baseada na aceitação da oferta. Não era uma questão de saber o que ele era, mas simplesmente do que era o sacrifício, para que seja aceito por Ele, por sua expiação. Jesus é o “cordeiro de Deus”. Este cordeiro foi aceito. A palavra de Deus nos afirma que nós estávamos em Jesus quando de sua morte na cruz e que Deus o ressuscitou dentre os mortos e nos ressuscitamos juntamente com Ele. Tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; Colossenses 2:12 e Efésios 2:6.
Deus criou o homem, conforme a sua Imagem e semelhança soprou-lhe nas narinas o fôlego de vidas, tinha comunhão com este mesmo homem, mas, o diabo, inimigo de Deus, introduziu neste homem o pecado e o homem morreu espiritualmente para Deus e foi como conseqüência disso conhecedor do bem e do mal. O pecado afastou o homem deste relacionamento e da presença da Santidade Divina. Nesta condição o homem passou a ser uma criatura criada por Deus. Porém, para que esta criatura pudesse ser transformada em filho e pertencer à família de Deus, foi necessário esta ação divina que: Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, Colossenses 1:13.
Há, portanto, agora, o conhecimento de que o homem foi tirado de sua velha posição e condição, e colocado em um novo lugar diante de Deus em Cristo – em Cristo que está ressurreto de entre os mortos, e que passou para uma nova esfera, que venceu a morte, na qual nem morte nem condenação podem entrar. Por intermédio de Cristo, como já foi demonstrado, o homem perdeu sua associação com o primeiro homem – com Adão; de modo que considerando-se como morto para o pecado, ele considera-se também vivo para Deus em Cristo Jesus. Como isso se deu? O texto nos diz que: E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos. Colossenses 2:13.
Agora temos a vida de Cristo. O propósito de Deus foi realizado. O filho habita em nós. Temos comunhão com o Pai. Temos este tesouro em vaso de barro. O velho homem foi destruído com seus feitos, de forma que não há mais a condenação que pesa sobre nós. E agora fica a pergunta. Mas, se Deus em sua graça infinita, desce até o estado baixo em que nos encontramos para nos elevar a altura da sua bendita presença, identificados com Cristo, não terá então direito de determinar qual deve ser o nosso caráter? Quem ousaria pôr em dúvida uma verdade tão evidente? Se formos identificados na sua morte seremos também na sua ressurreição, de forma que a partir desta experiência, Cristo passa a habitar em nós. Ou seja, tirou o natural para estabelecer o espiritual. E assim o projeto de regeneração do homem foi estabelecido. Deus com isso cumpre o que Jesus disse em João 14:23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Amém.

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