Enquanto
comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos,
dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A
seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo:
Bebei dele todos. Mateus 26:26-27.
A ordenação da Ceia do Senhor deve ser considerada
por toda mente espiritual, como uma prova particularmente tocante do benigno
cuidado do Senhor e de Seu terno amor por Sua Igreja. Desde a época
de sua instituição até o tempo presente,
a Ceia tem sido um testemunho contínuo, embora silencioso, da verdade que o inimigo
tem procurado corromper e colocar de lado por todos os meios ao seu
alcance, de que a redenção é um fato consumado
para ser desfrutado até pelo mais simples renascido em Jesus. A Ceia continua a
comunicar, a todo ouvido circunciso e a toda mente espiritual, a mesma verdade
profunda e preciosa, pois ela anuncia “a morte do Senhor até que venha”. Porque, todas as vezes que comerdes este
pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. 1
Coríntios 11:26.
O corpo foi oferecido, o sangue foi
derramado uma vez, para não ser mais repetido; e o partir do pão nada mais é do
que o memorial dessa verdade emancipadora. Portanto, com que profundo interesse
e gratidão deveria aquele que nasceu de novo contemplar “o pão e o cálice”! Sem
que seja proferida uma única palavra, são ali anunciadas
verdades ao mesmo tempo tão preciosas quanto
gloriosas: a graça reinando; a redenção consumada; o pecado tirado; a justiça
eterna introduzida; o aguilhão da morte banido; a glória eterna assegurada; “graça
e glória” reveladas como o dom gracioso de Deus e do Cordeiro; a unidade de “um
só corpo”, assim batizado por “um Espírito”. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber
de um só Espírito. 1 Coríntios 12:13.
A mesa do Senhor é uma grande festa,
porque conduz a alma, num abrir e fechar de olhos, de volta no tempo, através
de um período de dois mil anos, e mostra-nos o próprio Senhor, “na noite em que
foi traído”, sentado à mesa da ceia e instituindo ali uma festa que, desde aquela
noite solene até ao raiar da manhã, deveria conduzir cada filho de Deus, ao mesmo
tempo, para a cruz que passou e para a glória que nos foi transmitida e virá! Eu lhes tenho transmitido a glória que me
tens dado, para que sejam um, como nós o somos. João 17:22.
A mesa do Senhor tem fortalecido;
confortado e levado refrigério ao coração de muitos amados filhos de Deus. É
doce pensarmos nisto; é doce termos em mente, quando nos reunimos, no primeiro
dia da semana, em torno da mesa do Senhor, que apóstolos, mártires e santos têm
se reunido em torno deste banquete e encontrado ali, segundo a sua medida de
compreensão, refrigério e bênção. Que eu e você, possamos penetrar com mais
alento e inteligência no significado da Ceia do Senhor, e com uma experiência
mais profunda nessa bem-aventurança que é o partir aquele pão que é a “comunhão
do corpo de
Cristo” e o beber daquele cálice que é a
“comunhão do sangue de Cristo”. Porventura,
o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão
que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? 1 Coríntios 10:16.
Se você, pela graça de Deus, creu em sua
atração, crucificação, morte e ressurreição com Cristo, então deve bendizer ao
Senhor por sua bondosa consideração instituindo, em vista de nossa necessidade,
um memorial da Sua paixão, e também por haver estabelecido uma mesa à qual
todos os Seus membros possam se achegar, sem qualquer outra condição além
daquela que é indispensável: a ligação pessoal e obediência a Ele. O bendito
Senhor conhecia muito bem a inclinação dos nossos corações de nos esquivarmos Dele,
e uns dos outros, e pelo menos um dos Seus propósitos na instituição da Ceia
foi o de impedir esta nossa tendência. Por isso somos exortados à unidade,
conforme Paulo nos diz em 1 Coríntios
1:10 Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos
a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente
unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.
A mesa do Senhor nos mostra que Ele
desejava reunir o Seu povo em torno da Sua bendita Pessoa; desejava pôr lhes uma
mesa onde, tendo em vista o Seu corpo ferido e o Seu sangue derramado, pudéssemos
lembrar-nos Dele e da intensidade do Seu amor por nós, e de onde eu e você
pudesse também olhar adiante, para o futuro, e contemplar a glória da qual a cruz
é o eterno fundamento. Ali, mais do que em qualquer parte, nós aprendemos a
esquecer das nossas divergências e a amarmos uns aos outros; ali podemos ver à sua
volta aqueles que o amor de Deus havia convidado para banquetear, e aos quais o
sangue de Cristo nos tem tornado idôneos para que ali estivéssemos. Dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à
parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Comei e bebei, amigos; bebei
fartamente, ó amados. Colossenses 1:12 e Cântico 5:1b.
Se não compreendermos a natureza desta ordenança,
vamos nos perder em nossos pensamentos acerca da mesa do Senhor. A Ceia é, portanto,
pura e simplesmente uma festa de ação de graças, de agradecimento por graça já
recebida. O próprio Senhor, quando da sua instituição, assinala o seu caráter
dando graças: E, tomando um pão, tendo
dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por
vós; fazei isto em memória de mim. Lucas 22:19.
Louvor, e não oração é a expressão adequada
àqueles que se sentam à mesa do Senhor. É verdade que tenhamos muito pelo que
orar, muito a confessar, muito que lamentar, mas a mesa não é lugar para
lamentações. Nosso cálice é um “cálice de bênção”, um cálice de ação de graças,
o símbolo divinamente designado para aquele sangue precioso que obteve nosso
resgate. Como, então, poderíamos parti-lo
com corações tristes ou semblantes carregados?
Poderiam os membros de uma família, depois das fadigas do dia, se assentar à
mesa da ceia com corações tristes e semblantes descaídos? É claro que não. A
ceia era a refeição mais importante da família, a única que reunia toda a
família. Os rostos que talvez não fossem vistos durante o dia, certamente estariam
presentes à mesa da ceia, e não há dúvida de que se sentiriam felizes por estarem
ali. O mesmo deveria acontecer na Ceia do Senhor: a família deveria estar reunida
ali, e quando reunidos, deveriam estar alegres, verdadeiramente felizes, no amor
que os une e os reúne. Todos os que
creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Atos 2:44.
É verdade que cada coração pode ter a
sua própria história peculiar; suas tristezas íntimas, provas, fracassos e
tentações, coisas essas desconhecidas de todos os demais; mas não são elas o
objeto a ser contemplado na ceia: expô-las seria desonrar o Senhor da festa, e
fazer do cálice de bênção um cálice de dor. A mesa do Senhor deve ser celebrada
com festa. Por quê? Vamos ver a resposta em Lucas 12:37
Bem-aventurados
aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilantes; em verdade
vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os
servirá.
O Senhor nos convidou para a festa, e ordenou
que, apesar de todas as nossas deficiências, puséssemos a plenitude do Seu amor
e a eficácia do Seu sangue entre as nossas almas e tudo mais; e quando o olhar
da fé está ocupado com Cristo, não há lugar para nada mais. Por isso, a responsabilidade
que cabe à Igreja é a de se conservar pura na doutrina, pura na prática e nas
suas associações, e tudo isso com base no fato de ser a Casa de Deus. Fidelíssimos são os teus testemunhos; à tua
casa convém a santidade, SENHOR, para todo o sempre. Salmos 93:5. Amém.
Ouça os estudos em áudio no YOUTUBE:
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