"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

CURANDO AS FERIDAS PELO PERDÃO

Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro. Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei. Isaías 43:25 e Hebreus 8:12.

Após havermos perdoado ao pior de nossos inimigos, e caminhando pela vida perdoando a todos quantos nos ferem, não fizemos nada de grandioso. Simplesmente estivemos agindo como devem agir aqueles que morreram na cruz com Cristo! Há um problema que de início faz com que o perdão de Deus pareça algo impossível. Deixa-me fazer uma pergunta: É possível esquecer a maneira como as pessoas nos trataram? Conseguimos realmente exercer amnésia divina quando nossos amigos falham conosco? Será que a mágoa vai mesmo embora, de maneira que dela não nos lembramos mais? Quando perdoamos da maneira que Deus perdoa, esquecemo-nos da mesma forma como Deus se esquece. Entretanto, necessitamos de um conceito claro do que significam as palavras: Deus se esquece. Quando o Senhor nos perdoa, nossos pecados não abandonam a esfera de seu conhecimento; em vez disso, Ele decide que não os trará à lembrança. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei Jeremias 31:34b.

Quando Deus diz "jamais me lembrarei" Ele se refere a uma decisão tomada. Esquecer é algo involuntário; é coisa que nos acontece por muitas razões. "Jamais me lembrarei" foi à escolha que Deus fez no que concerne aos nossos pecados. De maneira semelhante, os eventos funestos da vida, os pecados que as pessoas cometeram contra nós, não precisam ser ativamente relembrados. É quando a memória começa a fenecer e perde seu poder sobre nossas vidas. O que antes era ferida aberta, infecta, capaz de encher nossa vida com o veneno da amargura, tornou-se de repente uma cicatriz inofensiva. A pessoa que perdoa deve tomar providências para não lembrar mais do caso, precisa determinar consigo mesma que nunca trará os eventos à baila, que jamais usufruirá do prazer mórbido de apreciar o grande débito perdoado. Estando unidos a Cristo, podemos relacionar-nos uns com os outros e também perdoar da mesma maneira a que fomos perdoados. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou. Efésios 4:32.

Milhares de pessoas vivem com medo, achando que o passado pode voltar e tomá-las de assalto. E, mesmo que o segredo delas jamais venha à tona, continua invadindo-lhes a mente e as atormentando, derrotando-as e lembrando-as de que desapontaram a Deus e a si mesmas. Toda vez que dão um passo para frente, sentem como se precisassem arrastar uma bola de ferro acorrentada ao pé. Por toda a parte, a fragmentação da família e a perda de valores tem-nos transformado numa cultura impiedosa que busca a satisfação própria a qualquer custo. Não é a toa que muitos tenham um passado caracterizado por traições, abusos e uma ladainha de decisões destrutivas. Somente a pessoa de Cristo pode nos dar condições de por nosso passado de lado. Não quero dizer que o impacto de nosso passado será apagado, pois sempre vamos carregar conosco toda a soma de nossas experiências. Mas nosso passado não precisa aleijar nossa caminhada com Deus. Aliás, pode ser a motivação de que precisamos para buscar a Deus com mais fervor. Irei e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão. Oséias 5:15.

A falta de perdão dá ao inimigo uma reivindicação legal e ele entra a fim de oprimir e atormentar. Amargura, que é o resultado da falta de perdão, é o terreno para a semeadura de toda obra do maligno. Satanás não respeita a pessoa que vive com mágoa e falta de perdão. Há uma força tremenda no perdão. O perdão é o caminho para libertação da amargura, da mágoa e da ferida. Pelo perdão abrimos o caminho para Deus trazer à nossa alma a cura e a restauração. Uma vez que Deus nos perdoou em Cristo, Ele também nos dá condição para perdoarmos a todos quantos nos feriram no passado, presente e também no futuro. Uma vez que não perdoamos, certamente o diabo tomará proveito daquela atitude, daquela palavra, daquela circunstância, para nos destruir. Andar em perdão é andar em vitória. Quando você perdoa aos que lhe ofenderam, você está abrindo o caminho para sua cura. O perdão seguramente será benéfico para aquele que perdoa, pois o primeiro a experimentar a libertação é você mesmo. Lucas 6:37: Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.

Muitas pessoas estão paralíticas em suas emoções por causa da falta de perdão. Por terem sido duramente desapontadas ou injustiçadas, principalmente no relacionamento com as demais pessoas, mergulharam num lodaçal de mágoa, amargura e ressentimento. Em conseqüência disto, se tornaram pessoas criticas e murmurantes. Não é preciso que os nossos pés estejam presos em correntes para sermos escravos, a falta de perdão é uma terrível forma de aprisionamento. Que qualidade de vida pode ter uma pessoa que mantém prisioneira em seu coração alguém que lhe traiu? Odiar, desejar o mal, a morte e toda a desgraça possível contra alguém que nos decepcionou profundamente, ajudará em alguma coisa? Será que a vingança tem poder de trazer o alívio para uma alma tomada pelo câncer da falta de perdão? Ao contrario de trazer qualquer espécie de melhora, estes sentimentos baixos, colocam a pessoa que não perdoa debaixo de uma tortura angustiante. A falta de perdão esmaga a sua própria vítima roubando-lhe toda a motivação do seu viver. Se Cristo é nossa vida, nós temos total competência para perdoar aqueles que nos ofenderam profundamente com o Seu próprio perdão. Não esqueçamos que quando Jesus Cristo estava pendurado numa cruz, ferido e abandonado por todos, agonizava em dores atrozes. Vemos também que todo o requinte de maldade, perversidade e malignidade humanas foram usados contra o Santo. Diante deste cenário, precisamos lembrar quais foram às últimas palavras do Senhor Jesus, antes de morrer. Lucas 23:34: Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

Quando Deus limpa nossa vida, não guarda fotocópias; nós guardamos quando não perdoamos aos que nos machucaram. Mas Ele simplesmente joga as pastas. Depois que nossos pecados são retirados e jogados nas profundezas do mar, podemos seguir adiante, em direção a Deus. Por que deveríamos lembrar do que Deus prometeu esquecer? Deus quer que olhemos para frente. Ele quer que olhemos para o pára-brisa e não pelo espelho retrovisor. Depois que morremos e ressuscitamos em Cristo, não faz sentido algum olharmos para trás, para um passado que já morreu. É mais importante ver para onde estamos indo do que ficar preocupado com o lugar onde anteriormente estávamos. Davi sabia o que significava cair na valeta da vida, mas Deus o levantou, o colocou em pé e o devolveu ao curso correto. Lemos em Salmos 40:2: Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos.

A morte de Cristo na cruz e a nossa morte juntamente com Ele, foi uma expiação que demonstrou um sucesso pleno, não uma tentativa parcial que requer retoques de nossa parte. Porque foi naquela cruz no corpo de Cristo, que todos fomos perdoados e todos os perdoados são necessariamente perdoadores. Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, os nossos corações são quebrantados, não podem ser duros, e não podemos negar o perdão. É impossível ter sido perdoado totalmente por Cristo e não se tornar um verdadeiro perdoador. Martyn Lloyd-Jones dizia que: "Nada neste mundo vil e em ruínas ostenta a suave marca do Filho de Deus tanto quanto o perdão". E nada nos torna mais associados com Satanás, do que a falta de perdão. O apóstolo Paulo mostrou qual é a tática sutil do inferno nestas palavras: A quem perdoais alguma coisa, também eu perdôo; porque, de fato, o que tenho perdoado (se alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios. 2 Coríntios 2:10-11.

Alguém certa vez disse com sabedoria que "uma vida correta mantém você fora da cadeia, mas não fora do inferno". Eu concordo plenamente, porque os prisioneiros não são somente aqueles que estão detidos atrás das grades de aço de uma penitenciária. Há muitos que, mesmo não estando presos em uma cadeia pública, estão detidos atrás de grades invisíveis. São pessoas que, ainda que caminhem livremente pelas ruas, andam acorrentadas no passado curtindo a fossa de suas mágoas. Vítimas de sentimentos de amargura, culpa e autocomiseração, vivem entoando o cântico das lamurias. Encontram-se tão centralizadas em seus próprios sentimentos amargos que se vêem sempre como vitimas de tudo e de todos. São muitos os sentimentos que paralisam as pessoas e as mantêm imobilizadas. Porém o que se percebe é que a falta de perdão está envolvida com quase todos eles. Quando o perdão não é aplicado, seja qual for a situação, a pessoa entra num processo de tortura interior. Seu humor será afetado, possivelmente sua saúde sofrerá danos, sua alma ficará amarga, e por fim, poderá experimentar o esmagamento provocado pelo sentimento de culpa. O quadro é pesado, porém muitos são os que entram por este caminho e se atolam em seus próprios sentimentos pecaminosos. A Bíblia é muito clara em dizer que: Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Salmos 32:3-4.

A graça nos conquistou em Cristo Jesus deixando-nos totalmente livres, isentos de qualquer culpa ou dívida diante do Deus eterno. Mas o motivo número um porque o poder de Deus sofre curto-circuito em nossas vidas é que realmente nunca aprendemos o que significa a cruz de Cristo numa base cotidiana. A cruz é a base contínua de Deus aceitar-nos e perdoar-nos. Todos nós vamos errar, e errar é humano, perdoar é divino. Uma vez que fui redimido em Cristo Jesus, então devo crer e tomar posse deste perdão pleno para a minha vida. Sendo perdoado, agora posso perdoar. Não sou mais um escravo de meus sentimentos, pois Cristo já me libertou. João 8:36: Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

O perdão é a característica viva dos libertos e salvos por meio de Cristo. O Senhor nos convida a termos uma vida totalmente liberta. Já fomos perdoados em Cristo, por isso podemos perdoar plenamente.

Pr. Cláudio Morandi - 29/02/2008

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