"NOSSA VISÃO: CONHECER A CRISTO CRUCIIFICADO E TORNÁ-LO CONHECIDO, EM TODO LUGAR, POR MEIO DA GRAÇA."

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A SOBERANIA DE JESUS

Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho. Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. João 2:1-5.

Iniciemos olhando para o que nos é contado aqui sobre o próprio Senhor. Nunca devemos esquecer que estamos lidando com Ele. O cristianismo não é apenas uma coleção de ensinamentos. Também o é, mas não somente isso. O cristianismo é, primária e essencialmente, um relacionamento com uma pessoa. Há uma tendência de esquecermos essa verdade. Nos dias atuais, dá-se elevada importância para se conhecer qual é a atitude cristã com relação a isso ou aquilo, e nosso Senhor permanece completamente esquecido! No entanto, a única coisa que importa é nosso relacionamento com Ele. Ao lermos o Novo Testamento, descobrimos que o mais importante na mente de todos os apóstolos não era tanto o que nosso Senhor fazia por eles, nem o que Jesus lhes havia capacitado fazer, mas Ele mesmo. O apóstolo Paulo, em particular, sempre enfatiza isso. Lemos em Filipenses 3:10: para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte. Eis o que Paulo caçava. Ele não almejava poder para realizar mais milagres. De modo nenhum! Para o conhecer.

O casamento em Cana é história, porém não é só isso. Este episódio ainda fala a nós de forma viva. Assim, vamos olhar para Maria. A primeira coisa que descobrimos é que ela possuía conhecimento do poder de Jesus. Ela sabia o que Ele podia fazer. Eis porque ela diz aos serventes: "Fazei tudo o que Ele vos disser." Bem, vocês se lembram da história da Anunciação. O anjo Gabriel veio até ela e fez revelações espantosas sobre "aquele ente santo" que haveria de nascer dela. Ela nunca se esqueceu disso, pois lemos em Lucas 2:19: Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração. Maria sabia que Jesus era alguém incomum e excepcional. Maria estava segura da capacidade de Jesus, como podemos ver na palavra que ela Lhe dirige: "Eles não tem mais vinho." O que ela quis dizer e que, imediatamente, Ele compreendeu, foi que o vinho estava acabando. Maria sabia que Jesus podia fazer algo. Ela confiava no poder Dele. Ela simplesmente afirmou que "eles não tinham mais vinho", mas o que importa é a maneira como ela disse. Ela veio dar uma ordem a Jesus para Ele fazer alguma coisa, pois ela sabia que Ele podia, então deverá fazer. Ela tenta comandá-lo, ordenando-lhe o que fazer e quando. A presunção de Maria é revelada e, imediatamente, Jesus a repreende. João 2:4: Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.

Há um perigo em assumirmos esta expressão "mulher" como se fosse depreciativa, pois não é. Há uma grande delicadeza nela. Nosso Senhor não está desconsiderando Maria. Mas está dizendo: "Mulher". Mas por quê? Simples, Ele está enfatizando a singularidade que pertence somente a Ele. O período inicial havia terminado; este tempo estava começando. Ele serve a Deus, e o Pai O enviou em uma missão e Lhe deu uma "hora", dizendo-Lhe o que fazer e quando. Maria não deveria interferir mais. Ela não tinha o direito ao comando. Ela deveria ocupar seu devido lugar, assim como todas as outras criaturas. Ela só teve o privilegio de concebê-lo. Romanos 1:3: com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi.

Ela foi a única escolhida para aquela grande honra e missão, mas ela era apenas uma mulher. Não há qualquer referência na Bíblia sobre a imaculada concepção, ou seja, que Maria nasceu num estado sem pecado. Isso é pura imaginação. Na realidade, isso é uma negação daquilo que nos foi revelado pelo próprio Filho de Deus, que disse: "Mulher!" Como todo mundo, ela pertence ao plano natural, e nosso Senhor está ressaltando a ela a importância de compreender isso. Não apenas isso, mas que ela é uma mulher falível e pecadora como todos nós. Ela precisava ser repreendida pelo filho de Deus, da mesma maneira que qualquer um de nós. Esse é o retrato que temos de Maria, nesse incidente e em todo o Novo Testamento. Ela não nasceu santa, ela se tornou santa quando creu no sacrifício de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Maria era uma pecadora e todo pecador necessita de um Salvador. É isso que lemos em Lucas 1:46-47: Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador.

Vamos aplicar essa lição a nossa vida. Às vezes, não somos culpados de ter essa mesma presunção, o pecado de ir até Jesus e ordenar o que Ele deve fazer? Nós corremos até Ele e dizemos: "Conceda-me isso. Eu tenho de ter aquilo. Você tem poder para atender minha petição, por que não o faz?". Não é dessa maneira que tendemos a pedir? Nosso Senhor chamou a atenção de sua mãe terrena, mas todos nós não podemos nos declarar culpados pelo mesmo erro? Sempre desejamos receber as bênçãos de Deus, da maneira e no momento que escolhemos. Como crianças mimadas, aborrecemo-nos se Deus não nos dá a resposta que queremos ouvir. Presumimos que temos o direito de fazer exigências diante Dele! Algumas pessoas até mesmo pedem milagres só pelos milagres ou visando ao seu próprio engrandecimento. Aqui está a resposta e nunca devemos esquecê-la: Jesus é Soberano. Ele conhece Sua própria vontade e decide quando e como agir. O Senhor sabe exatamente o que é melhor para nós. E tudo deve ser para a Sua glória. Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. 1 Coríntios 10:31.

Portanto, estejamos conscientes desse pecado da presunção. Devemos nos entregar em Suas mãos. Maria compreendeu essa verdade e estamos dizendo isso em sua honra e crédito. Nosso Senhor a repreendeu, porém ainda assim Ele não disse: eu não irei fazer coisa alguma. O que Jesus disse foi: Eu não irei fazer isso agora, conforme a sua solicitação, pois ainda não é chegada a Minha hora. Ou seja: Eu irei fazer isso, mas no momento e de maneira que Me convier, não quando você ordenar ou exigir. Nosso Senhor se recusa a realizar as coisas quando as queremos ou exigimos Sua ação. Porém, graças a Deus que, com a repreensão, há uma palavra d conforto. Vamos ver um texto onde o profeta Isaías expressa essa verdade. Com visão profética ele escreve: Por isso, o SENHOR espera, para ter misericórdia de vós, e se detém para se compadecer de vós, porque o SENHOR é Deus de justiça; bem-aventurados todos os que nele esperam. Isaías 30:18. Aqui está a lição: Bem-aventurados todos os que Nele esperam. Você sabe que Ele tem poder e capacidade. Você deseja louvá-Lo. Deseja conhecê-lo. Você anseia e almeja que o amor de Jesus preencha seu coração. Será você culpado do erro da impaciência? Estará começando a ditar ordens ou fazendo exigências? Se a resposta for positiva, então, você está retardando a benção sobre o que você pediu. Bem-aventurados todos os que Nele esperam. Ou, como encontramos em Habacuque 2:3: Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará.

Maria caiu no pecado da impaciência e da presunção e tentou dirigir as ações de Jesus. Porém, nosso Senhor a repreendeu: Ainda não é chegada a Minha hora. O ensino de nosso Senhor é claro: Eu faço as coisas a Meu tempo e do Meu jeito. Eu creio que nós, portanto, aprendemos a grande lição sobre a necessidade de iniciarmos a jornada com o reconhecimento de Sua soberania. Nada é tão fatal na vida cristã, e no gozo de sua plenitude, como qualquer sinal de impaciência. Somos solicitantes, não ditadores. Não temos direitos e não merecemos nada. Nós precisamos entender que morremos com Cristo como afirma as Escrituras Sagradas em Romanos 6:8: Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Cadê os nossos direitos? Você já parou para pensar por que você morreu com Cristo na mesma cruz que Ele? A Bíblia diz que: E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2 Coríntios 5:15.

Em todas as comunidades da igreja, em cada país, unânimes, eles nos relatam o que Maria disse aos serventes: Fazei tudo o que Ele vos disser. Todos nós de alguma forma temos as nossas necessidades. Também "não temos vinho". Estamos no limite de nossas forças. Chegamos ao fim e precisamos de algo. O que iremos fazer? Bem, Jesus é a única resposta e o que precisamos é de sua ação. Diante disso nós precisamos aprender, desde o início, que há dois elementos no conhecimento da plenitude de Deus, dois lados e, caso esqueçamos um ou outro, nos desviaremos. Existe a parte Dele, que é vital, mas há nossa parte também, que é muito importante. O primeiro perigo, claro, é nos entregarmos à atividade excessiva com um sentimento de auto-dependência, com a idéia de que, por nossos esforços, podemos alcançar um estado de santidade e benção. Com isso, assumimos que temos a capacidade e a habilidade de realizar coisas e, portanto, colocamos toda ênfase em nós. Dessa maneira prosseguimos tomando decisões, tentando, determinando, resistindo até nos sentirmos completamente desgastados, fatigados, desencorajados e fracassados. E essa é vida cristã que muitos estão vivendo. E há o outro perigo, o extremo oposto, que é o de colocar toda a ênfase sobre Deus e dizer que precisamos ser completamente passivos, que devemos sentar e esperar, que não devemos fazer nada. Até para Deus fazer tudo, a nossa parte envolvida é esperar. Isaías 64:4: Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.

Diante desses dois elementos que foram colocados, qual é, então, a verdadeira posição correta? Certamente é o equilíbrio que precisamos ter como base nas Escrituras. Em outras palavras, é a atividade sob o controle do Senhor e também é Sua atividade por meio de nós. Os dois são essenciais. Lembre-se do que Maria disse: Fazei tudo o que Ele vos disser, e nós precisamos obedecer. A coisa acontece é quando obedecemos ainda que não haja em nós forças, porque Jesus jamais nos pediria algo, se antes nos capacitasse. Por quê? Porque temos um Salvador que realiza coisas como essa. Ele vê um homem com a mão ressequida e diz: "Estende a mão". Mas isso é a única coisa que o homem não é capaz de fazer! Nosso Senhor disse ao homem para fazer o impossível. No entanto, está escrito que: disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada. Marcos 3:5b. Ele nos ordena e, quando o faz, também nos dá poder. Ele nos capacita a realizar o que é humanamente impossível porque é Soberano. Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram. João 2:8. Finalizo dizendo que os princípios que governam o recebimento da plenitude de Deus permanecem exatamente os mesmos. Amém

Pr. Cláudio Morandi - 09/12/2007

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