“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a Palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2 Co 2.17)
Neste texto, Paulo está denunciando os falsos apóstolos que estavam entrando na igreja de Corinto pregando um falso evangelho, com um falso comissionamento e com uma falsa motivação. Esses obreiros fraudulentos eram mascates da religião. Eles não tinham compromisso com Deus, com sua Palavra nem com seu povo; visavam apenas o lucro. Faziam da religião um instrumento para se abastar.
Estes falsos apóstolos faziam da igreja uma empresa: do evangelho um produto; do púlpito um balcão, e dos crentes, verdadeiros consumidores das bênçãos de Deus.
Este texto nos mostra algumas verdades, a saber:
1) Como não se deve pregar o evangelho (2 Co 2.17) – “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a Palavra de Deus [...]”. A palavra grega usada por Paulo, καπηλεύοντες (kapeléuo) – significa mercadejar, mascatear, lucrar comum negócio.
A palavra , καπηλεύοντες (kapeléuo) é usada na Septuaginta, em Isaías 1.22 para aqueles que misturavam vinho com água a fim de enganar os compradores. Esta palavra é usada também por Platão para condenar os pseudofilósofos. A palavra refere-se àqueles que mascateiam ou mercadejam com a Palavra de Deus para benefício próprio. Esta palavra pode ser traduzida também por “adulterar”, uma vez que no original ela vem da mescla fraudulenta dos licores.
Infelizmente, estamos assistindo com profundo senso de vergonha, um vexatório comércio das coisas sagradas. Muitos pastores gananciosos, sem qualquer pudor, sem qualquer temor, diluem a mensagem do evangelho, torcem a verdade e pregam apenas sobre prosperidade, libertação, curas e milagres, sonegando ao povo a verdadeira mensagem da cruz e, fazendo isto, assaltam o bolso de crentes incautos para se enriquecerem.
Esta imagem descrita acima, possui duas idéias. A primeira diz respeito aos motivos dos falsos obreiros; eles fazem do apostolado um negócio para obter ganhos pessoais. A segunda implica no método; eles adulteram o evangelho, como exigências mais palatáveis e perspectivas limitadas, com a finalidade de atender aos seus próprios interesses.
2) Como se deve pregar o evangelho (2 Co 2.17 b) – “[...] antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”. Há neste trecho, três verdades a serem destacadas.
a procedência da mensagem - Paulo não fala de si mesmo, em seu próprio nome, mas fala da parte do próprio Deus. Paulo não é a fonte da mensagem, mas o canal dela. Ele não gera a mensagem, mas a transmite. Ele não é dono da mensagem, mas servo dela. O pregador é um embaixador. Ele representa seu país e fala da parte e em nome do governo que o comissionou. Quando o embaixador deixa de representar seu governo e começa a falar o que pensa, é sumariamente demitido. Do mesmo modo, Paulo era obrigado a proclamar a própria Palavra de Deus com irrestrita fidelidade.
O método da mensagem – Paulo fala em Cristo, na presença de Deus. Ele não usa malabarismos e subterfúgios para enganar as pessoas. Ele é íntegro na mensagem e também nos métodos. Ele prega uma mensagem que vem de Deus e a apresenta na presença de Deus. Não basta ser aprovado pelos homens, importa ter a aprovação de Deus.
A motivação do mensageiro – Paulo fala na presença de Deus com sinceridade. A palavra sinceridade refere-se a examinar algo à luz do sol. Significa falar com integridade e fidelidade. Os mascates da religião careciam tanto de sinceridade humana como de autoridade divina. A mensagem de Paulo, porém, é divina; seu método transparente e sua motivação é santa. Ele não prega para auferir lucro, mas para manifestar a fragrância do conhecimento de Deus. O seu coração não é governado pela ganância, mas pela sinceridade.
Nele, que nos chama a pregar com fidelidade e integridade.
Deus te abençoe meu irmão(a). Graça e paz.
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