Sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Cristo. Efésios 5:21.
É necessário definirmos o que é
Pericorese. A palavra grega se compõe de três radicais: “Peri” quer dizer “ao
redor”, como periferia ou perímetro. A palavra: “chorea” de onde provém o meio
de Pericorese, significa “dança ou estar de frente” como o coro de cantores que
fica de frente para a plateia. E, finalmente, a ultima parte: “esis”; significa
“decorrência”. Algo que jorra de uma fonte. Os cristãos do Oriente, eles tem
uma figura interessante, pois eles chamam a comunhão da santíssima Trindade e
da humanidade, eles comparam como uma dança. Uma dança de crianças, como uma
brincadeira de roda. E eles dizem que a Trindade baila, dança por todo o
Universo e por toda a eternidade. Também dizem que a Trindade abre espaço para
participarmos dessa dança. A igreja como uma virgem pura é convidada a
participar dessa dança. Então, a virgem
se alegrará na dança, e também os jovens e os velhos; tornarei o seu pranto em
júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza. Jeremias
31:13.
A figura que me vem à mente quando estou
lendo os teólogos ortodoxos do oriente, é que Deus cria o Universo, também Ele
nos cria neste Universo. E aquilo que Deus cria não é da mesma natureza Dele,
mas o Filho de Deus, Ele se esvazia da Sua glória, mergulha no Universo para
buscar você e a mim, e nos levar para junto da unidade entre o Pai e o Filho e
o Espírito Santo, para essa brincadeira de roda, para essa ciranda da
eternidade. Jesus orou por isso em João
17:20-21 Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer
em mim, por intermédio da sua palavra; a
fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam
eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
Pericorese trata de comunhão relacional das
três Pessoas da Santíssima Trindade, de um movimento de amor e graça para com
toda a criação. Para ilustrar de outra forma, podemos dizer que numa dança de
três, uma pessoa não pode liderar as outras duas. Antes, todas as três se
movimentam como se fossem uma só, uma respeitando a outra, e nenhuma delas
tendo supremacia sobre a outra. É assim que funciona a Trindade. Vejamos o
texto que expressa a Pericorese: Não
crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo
não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.
Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas
obras. João 14:10-11.
O Termo Trindade não aparece na Bíblia,
trata-se de um dogma da fé cristã, um mistério que só pode ser compreendido em
termos de um relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Quando de
sua criação, o homem é então convidado a participar da comunhão Trinitária. A
Trindade é a compenetração das pessoas, é um recíproco estar no outro. Esta
ação de amor não está fechada em si, mas aberta a toda Criação e este deveria
ser nosso estilo de viver. O mundo não é dividido, mas diversificado. A
Trindade não é dividida, mas há uma diversidade de Pessoas e essa simbologia
nos desafia a viver uma espiritualidade inclusiva, interativa, cooperativa ao
aceitar o outro, sem querer dominá-lo ou excluí-lo. Essa compreensão sobre a
Trindade nos aproxima do mistério trinitário e amplia nossa concepção sobre o
semelhante promovendo respeito, cumplicidade e identificação. João 17:22-23 Eu lhes tenho transmitido a
glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os
amaste, como também amaste a mim.
Na teologia, a palavra Pericorese significa
coabitação, compartilhar completamente a vida um do outro sem, contudo, perder
a identidade. Cada Pessoa da Trindade se entrelaça completamente com as outras,
contém e envolve as outras e, ao mesmo tempo, é contida por elas. É uma dança
dinâmica que envolve mudança contínua: ora uma pessoa está no centro, ora outra.
A cada momento, os participantes estão numa configuração diferente. As pessoas
ficam de mãos dadas, quase o tempo todo. Assim, podemos chamar a Pericorese de
dança da Trindade. Quem, a não ser um Deus que dança, desceria do céu para
festejar com os homens a morte da morte? Quem, a não ser um Deus que dança se
ofereceria em sacrifício de morte pela humanidade para ressurgir vivo ao
terceiro dia? Na Pericorese todos os que creem estão incluídos. Foi por isso
Deus nos incluiu em Cristo na sua morte e ressurreição, para que tivéssemos a
Sua natureza divina. 2 Pedro 1:4 Pelas
quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que
por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da
corrupção das paixões que há no mundo.
Por causa dessa obra perfeita de
salvação, nós a Ti entoamos louvores de gratidão por ter vindo dançar com teu
povo! Por todos os lugares se ouve a Tua voz, ainda no silêncio te ouvimos. O
que seria de nós, não fora um Deus que dança e que nos convida para dançar com
Ele, no banquete celestial onde já não haverá lágrima, nem pranto, nem qualquer
dor? Bendito o nosso Deus e Pai que não se cansa de dançar nos corações que se
transformam pela canção celestial da Trindade, entoada aos quatro cantos da
terra: Jesus, Jesus, Jesus! Amo esse Deus que nos faz dançar de alegria por
ouvir Sua voz de Pai amoroso. Como é precioso saber que esse Pai amoroso se
deleita em cada um de nós. Sofonias 3:17
O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se
deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com
júbilo.
O que é mais impressionante, é que esta
ação pericorética entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo é uma ação
inclusiva, e não exclusiva, é uma ação de amor que não está fechada em si, mas
é aberta a todos nós. Diante disso, somos conduzidos a ver a grandeza do
caráter eterno de Deus e Sua magnifica obra dentro de nós. Contemplar a vida
além do véu da eternidade constitui o maior privilégio para o conhecimento
humano. Não há nada do ponto de vista do conhecimento que seja maior do que
isso. Cristo está no Pai, o Pai no Filho e o Espírito Santo nos dois. Nós
estamos em Cristo e Cristo em nós. Jesus disse em João 10:38: mas, se faço, e não me credes, crede nas obras; para que
possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai.
Deus existe, desta forma, como Pai,
Filho e Espírito, essa relação pericorética em que há unidade, mas não a perda
da identidade pessoal. E é assim que o universo é construído. Ele é construído
de acordo com os planos ou o padrão do bom relacionamento entre o Pai, Jesus e o
Espírito. A relação de amor. Ela tem seu selo de amor. Se quisermos compreender
a natureza das coisas ou como elas funcionam, então aqui estão as plantas. Se quisermos
compreender o que somos e o que fomos feitos, temos que ver a relação entre
Pai, Filho e Espírito Santo. Um relacionamento centrado no amor, auto
sacrifício, prazer mútuo, proporcionando o benefício dos outros, é assim que
elas foram feitas todas as coisas e como eles funcionam. A Pericorese é o
oposto do narcisismo, pois ela é um “voltar ao outro”, tudo que é feito, não é
feito em solidão, mas em sociedade. Se você também creu em sua morte com
Cristo, embora não saiba, você faz parte da Pericorese divina. Nós Nele e Ele
em nós. Respondeu Jesus: Se alguém me
ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos
nele morada. João 14:23. Amém.
Ouça os estudos em áudio no YOUTUBE:
2 comentários:
Estou a tentar visitar todos os seguidores do Peregrino E Servo, e verifiquei que eu estava a seguir sem foto, por motivo de uma acção do google, tive de voltar a seguir, com outra foto. Aproveito para deixar um fraterno abraço.
António Jesus Batalha.
Obrigado irmão! Graça e paz. Deus continue te abençoando.
Postar um comentário